Falando num fórum de investidores, o ministro celebrou o fato de que a economia mundial entra numa clínica de reabilitação num instante em que o Brasil está saindo dessa clínica. A economia brasileira melhora, mas não recebeu alta hospitalar. Vai crescer menos de 1% neste ano. Na comparação com o PIB mundial, que terá crescimento médio acima de 2%, o Brasil está mais enfermo. E o declínio da economia do resto do mundo tornará a recuperação ainda mais lenta. Guedes disse a certa altura que, depois de quatro décadas de economia fechada, impostos elevados, Bolsonaro "começou a revolução em relação ao que há de melhor no mundo ocidental".
A gestão Bolsonaro está a dois meses e meio de fazer aniversário de um ano. E Paulo Guedes ainda não levou ao Congresso uma proposta de reforma tributária. O fim dos subsídios? Nada. A facada na mamata do Sistema S? Nem sinal. A coleta de R$ 1 trilhão com a venda de estatais e imóveis públicos? Necas. São coisas que a língua prometeu e o ministro não entregou. Por enquanto, o que há de concreto é uma reforma previdenciária lipoaspirada e inconclusa, um presidente que produz crises na saída do Alvorada e um ministro da Economia com a garganta maior do que as atitudes. Um pouco de sinceridade talvez causasse melhor impressão nos investidores.
Os governos do Brasil têm convivido com ministros econômicos que se consideram extraordinários. Alguns têm o prestígio de super-ministros. Mas a maioria, no fim das contas, apresenta um defeito comum. Costumam encontrar as verdadeiras soluções para os problemas nacionais quando se transferem do palco para a crítica. Para evitar a sina dos ex-ministros geniais, Paulo Guedes deveria serenar a retórica e perseguir resultados.
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