Após concluir a aprovação da reforma da Previdência, a Câmara arremata a votação da medida provisória da "liberdade econômica" e desengaveta a proposta sobre a aposentadoria dos militares. No Senado, tenta-se empurrar os servidores de estados e municípios para dentro da emenda previdenciária.
Simultaneamente, Bolsonaro gruda sua oratória no intestino grosso. No final de semana, ensinou a um repórter que, para preservar o meio ambiente, basta "fazer cocô dia sim, dia não". Dias depois, instado a explicar-se, disse que não se deve esperar que ele seja "politicamente correto".
O capitão reiterou: "É só você cagar menos que, com toda certeza, a questão ambiental vai ser resolvida". Na sequência, queixou-se de entraves ambientais impostos pela Funai. Declarou que basta o "cocozinho petrificado" de um índio para barrar a realização de uma obra.
Nesta quarta-feira, em visita à cidade piauiense de Parnaíba, Bolsonaro prometeu "acabar com o cocô do Brasil". Tratou de definir cocô: "É essa raça de corruptos e comunistas. Vamos varrer essa turma vermelha do Brasil". O ímpeto presidencial anticorrupção fraqueja nas manobras contra o Coaf. E a ameaça comunista só existe nos pesadelos do Alvorada.
A dedicação à oratória fecal impede o presidente de surfar a onda pró-reformas econômicas que bate na praia do Legislativo. Quando tomou posse, Bolsonaro instilava boas expectativas. O mercado projetava taxas de crescimento acima de 2% para 2019. Hoje, às voltas com a perspectiva de "recessão técnica", o governo de Bolsonaro desperta receios que retardam investimentos.
Os brasileiros de boa vontade ficam imaginando que cenário magnifico haveria no Brasil se, de repente, por milagre, baixasse no cérebro do presidente da República uma epidemia de ridículo.
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