quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Eleito para bater boca

Um colega português me perguntou o que, para um jornalista brasileiro, significa ter Bolsonaro como presidente. Respondi que Bolsonaro é um desastre sob todos os pontos de vista, menos um - o do jornalismo. Ele é uma infindável notícia. Todos os dias, em vez de ficar em seu gabinete tratando dos graves problemas do país, faz o contrário. Cria mais problemas.


Vai para a porta do Planalto e, diante de apoiadores laçados para aplaudi-lo, bate boca com os repórteres encarregados de acompanhá-lo. Ele mesmo provoca o assunto e, quando perguntado, devolve uma verborragia recheada de solecismos, escatologias e palavrões. Os jornalistas têm mantido até agora uma impecável postura profissional - aguentam os insultos e, quando se dirigem a Bolsonaro, o fazem de maneira protocolar, como deve ser. Mas quase posso ver a hora em que um deles, farto, o mandará à merda. E sabe o que irá acontecer? Nada.

Bolsonaro rebaixou a fala presidencial a tal nível de botequim de última categoria - com todo respeito pelos queridos botequins de última categoria - que não poderá se sentir desrespeitado. Como não tem ideia de educação ou etiqueta presidencial, achará normal receber de volta um desaforo semelhante aos que despeja contra todo mundo. É o que faz também com as mensagens que arrota no Twitter com sua opinião - ou as que covardemente reproduz, como fez com a que ofendia a primeira-dama da França, concordando com seu conteúdo e acrescentando o cafajeste “kkkkkkkkkk”.

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