A dúvida é se, e até quando, Bolsonaro se aguenta sem perder a relevância e tornar-se um coadjuvante da cena política que, em tese e para todos os efeitos, deveria liderar. Da posição de autoridade primeira ele pode transitar para a condição de mero provocador diletante a quem não se dá maior importância devido à inconveniência e à exorbitância de suas palavras, gestos e decisões.
Isso se chama perda de substância, que é justamente para onde caminha o presidente cuja convicção é de que está certo. Ele disse recentemente ao jornal O Globo que nasceu assim, não vai mudar e não está minimamente preocupado “com 2022”, pois, se estivesse, “não daria essas declarações”. Ou seja, sabe da impropriedade daquilo que fala e, no entanto, persiste no erro.
A esse tipo de conduta dá-se o nome de burrice, embora ao presidente e a seu contingente de acólitos possa soar como autenticidade.
O presidente quer fazer tudo do seu jeito, mas do jeito dele não dá certo.
Pode-se ser um autêntico estadista ou um autêntico cabeçudo. Questão de vocação, formação e personalidade. No caso de Bolsonaro, há um completo desconhecimento sobre desempenho de função pública. Qualquer uma, conforme atesta sua atuação parlamentar. Investido do figurino de “homem comum”, quer fazer tudo do seu jeito, mas do jeito dele não dá certo. Aliás, pode dar muito errado a depender dos prejuízos que o presidente ainda seja capaz de causar a si, à sociedade, à estabilidade institucional, ao estado de plenos direitos legais e aos preceitos da civilidade.
Pode-se ser um autêntico estadista ou um autêntico cabeçudo. Questão de vocação, formação e personalidade. No caso de Bolsonaro, há um completo desconhecimento sobre desempenho de função pública. Qualquer uma, conforme atesta sua atuação parlamentar. Investido do figurino de “homem comum”, quer fazer tudo do seu jeito, mas do jeito dele não dá certo. Aliás, pode dar muito errado a depender dos prejuízos que o presidente ainda seja capaz de causar a si, à sociedade, à estabilidade institucional, ao estado de plenos direitos legais e aos preceitos da civilidade.
Por enquanto ninguém pensa em impeachment, embora o país possa vir a pensar, tantos são os flancos abertos pelo presidente. No momento seria um embate inútil por ausência de força política em condições objetivas e subjetivas de ocupar o lugar. Além disso, seria o tipo de caso que Bolsonaro adoraria enfrentar. Um ótimo motivo para distribuir sopapos verbais, excelente oportunidade para unir a tropa e uma chance para recuperar o apoio dos arrependidos "ma non troppo".
Produzir conflitos no lugar de resultados de governo não enseja impedimento para exercer o cargo de chefe da nação, mas provoca isolamento, o equivalente ao degredo na política. As pessoas se afastam, os aliados se calam, os subordinados se retraem, os adversários se reúnem, as propostas do governo não prosperam no Congresso, as derrotas se avolumam no Judiciário, o ambiente na percepção externa se deteriora, as relações internacionais são dificultadas, tudo desanda e sai do eixo.
O primeiro sinal de que a conta chegou (ou não) será dado agora, com a volta do Congresso ao centro da cena que Bolsonaro ocupou da pior maneira possível no recesso.
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