Nos últimos quatro anos e meio, a política fez uma excursão do paraíso da impunidade para o inferno da Lava Jato. Agora, às vésperas de uma nova eleição geral, começam a surgir os primeiros sinais de que esse deslocamento pode ter sido uma viagem em círculos. Depois de tudo o que se soube, o caixa dois continua aberto em inúmeros comitês eleitorais.
O dinheiro de campanha, como se sabe, está no DNA da corrupção política. Quando a verba passa por baixo da mesa, cria-se um vínculo entre doadores e receptores. A mão que repassa a verba já recebeu, está recebendo ou ainda receberá a contrapartida. Nesse pacto demoníaco, você, que vive no caixa um, entra com o bolso.
Estão proibidas as doações de empresas. Verba de empresário, só na pessoa física. Há um fundo eleitoral público. Mas só os ingênuos acreditaram que 2018 estaria livre do caixa dois, eufemismo para corrupção. Ao expor o crime, a Lava Jato emitiu um sinal de maturidade. Ao reincidir na delinquência, a política acentua a decadência da democracia. O vício ignora até o risco. Hoje, bastam um procurador inquieto e um emissor de nota fria arrependido para inaugurar uma nova crise. Ela virá. É questão de tempo.
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