A força principal nesse avanço veio da China, com aumento de 58% em relação ao ano anterior – US$ 86,5 bilhões, ou 53 gigawatts (GW). Esse investimento dominou a nova capacidade no setor, assim como os investimentos globais. Passou-se para 98 GW. E outras fontes renováveis agregaram 59 GW – a carvão (35 GW), gás (38 GW), petróleo (3 GW), energia nuclear (11 GW). As aplicações em grandes hidrelétricas – US$ 2.789,8 bilhões – foram maiores do que as destinadas a novas geradoras a carvão e gás, que tiveram US$ 103,8 bilhões em investimentos.
Preocupação adicional está em questões específicas para cada setor, principalmente quanto à preservação de florestas nativas. “O modelo predominante de expansão da geração eólica no Brasil”, segundo o professor Heitor Scalambrini (7/4/2018), “e a instalação de grande quantidade de aerogeradores (o que pressupõe grandes superfícies de terras nas mãos das empresas) pode significar preocupação com áreas preservadas por usinas solares e eólicas ”. Até porque há certa preocupação com usinas solares e térmicas; ao fim de 12 a 18 meses, a operação das usinas será feita por poucos trabalhadores qualificados; e a geração de renda fica para proprietários que arrendam terras para as torres. Mas em muitas delas o ganho é pequeno para o agricultor arrendatário.
Em regiões montanhosas os trabalhos e os equipamentos podem levar ao desmatamento. Em muitos lugares do Nordeste, principalmente, esse tipo de problema tem sido frequente. E tem levado até à rejeição total do projeto, como aconteceu recentemente em Bonito, ou em Brejo da Madre de Deus, ambos no Estado de Pernambuco, onde foi rejeitada uma usina eólica que poderia conduzir a desmatamento, com prejuízo para a retenção de água destinada ao abastecimento local.
De qualquer forma, muitos fatores têm de ser considerados. Um ranking nacional solar fotovoltaico desenvolvido pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) indica que o Estado de Minas Gerais o lidera, com 50,7 megawatts (MW), ou 24,3% da potência instalada no País, seguido pelo Rio Grande do Sul com 30,2 MW (14,5%), São Paulo (26,8 MW ou 12,8%), Ceará (12,8 MW ou 6,2%) e Santa Catarina (12 MW ou 5,8%). Embora esteja fora desse ranking, o Estado de Goiás em um ano quadruplicou a geração distribuída de energia, em que o consumidor-gerador recebeu crédito pela produção excedente. Passou de 2 mil quilowatts em fevereiro de 2017 para 8,5 mil um ano depois, especialmente com a geração de energia solar fotovoltaica (O Popular, 25/3). Residências, indústrias e empresas diversas investiram para reduzir suas contas de luz. Ainda em Goiás, um grande projeto da Unievangélica, que anunciou na semana passada que terá a maior usina solar urbana do País (1.885 megawatts/hora produzidos por placas, que permitirão economia anual de R$ 1 milhão, a partir de 2019. O retorno do investimento é calculado em até oito anos).
De acordo com a Bloomberg, a energia solar é a que mais se tem destacado no mundo nos últimos tempos, pela expansão (US$ 160 bilhões em 2017, ou 18% mais que no ano anterior); 48% de todo o investimento em energia limpa é feito nesse setor. No Brasil o investimento em 2017 foi de US$ 6,2 bilhões, ou 10% mais que em 2016. E 48% de todo o investimento mundial em energia limpa é realizado na área da energia solar.
A expansão no Brasil para chegar a um gigawatt com projetos de energia solar fotovoltaica conectados na matriz elétrica significa potência suficiente para abastecer 500 mil residências no País ou o consumo de 2 milhões de pessoas. Até 2024, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), 1,2 milhão de geradores deverão ser instalados em casas e empresas em todo o País, representando 15% da matriz energética. O mercado de energia fotovoltaica deverá movimentar cerca de R$ 100 bilhões. Sem falar que o País já tem mais de 500 parques eólicos (Eco21, dezembro-2017). O número de microgeradores e a microgeração de energia já superou 17 mil conexões.
É mesmo uma revolução. Quem não estiver atento perderá o bonde. Ou se atrasará.
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