Alvíssaras! Janot presta-nos outro bom serviço!
A operação Lava Jato merece menção especial. É como se o país fosse um, lá atrás, e hoje, depois das acusações que ela trouxe a nosso conhecimento, virou outro, sangrando por todos os lados. É que poucos lembram-se de que o país de ontem é muito parecido com o de hoje. FHC e Lula até que acenderam uma luz, mas ela logo se apagou. O sistema eleitoral que regeu e ainda rege as eleições nunca mudou. Adaptou-se à época. Na tentativa de passar a limpo o país, misturaram-se gregos e troianos. Por isso, ficou cada vez mais difícil separar o joio do trigo. A classe política tornou-se a única responsável por todos os erros.
Companheiro de geração, que se afastou das lides do jornalismo faz bastante tempo, também revoltado com nossos desvios no dia a dia, mas, sobretudo, com os graves crimes cometidos por políticos e empresários (e estes sempre se dizem – maldosa ou equivocadamente – vítimas dos primeiros), saiu-se com esta outro dia: “Recolhi-me ontem depois de assistir na televisão aos jornais da noite. Pela manhã, acordei com meu pulso a 300 por minuto. Não sei como não tive um infarto. Fui à padaria com meus fiéis seguidores, Márcio e Luíza, minha cadela de estimação, que fala corretamente a língua-pátria, mas os seres humanos, embora a ouçam, por enquanto não a compreendem... Comprei pão, tomei um cafezinho e apanhei meu jornal. As manchetes que estampava aceleraram ainda mais meu pulso. Elas poderão – falei para mim mesmo – levar qualquer pessoa ao suicídio. Se não surgir já liderança capaz de repor o país no caminho certo, o ódio, que vai tomando conta do povo brasileiro, alastrar-se-á como erva daninha e, com certeza, provocará violenta convulsão social. E, me dirigindo à sempre atenta Luíza, concluí: haverá dia em que os bons profissionais cederão às boas manchetes, mesmo correndo o risco de cair na mais profunda depressão”...
O ódio instala-se quando a gente não admite aceitar o outro como ele é. No início, é pura antipatia, mas logo se transforma no pior dos sentimentos humanos. Ele faz mais mal a quem o alimenta e, o que é pior, provoca a mais trágica das cegueiras – a do cego que não quer enxergar.
E é isso, infelizmente, o que hoje acontece no Brasil.
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