O dilema não é fácil e, apesar de faltar pouco mais de um ano para as novas eleições presidenciais, pode se tratar de um tempo infinito que acabe minando ainda mais instituições já cambaleantes. Hoje, até seguidores de Dilma duvidam se não teria sido melhor, para ela e para o país, ter renunciado antes de se submeter ao duro, polêmico e lento ritual de impeachment. Teria sido um gesto que a teria enaltecido. E diante do que hoje vive o país, uma decisão que tivesse economizado na época, com eleições diretas, o embaraço por que passa não só a presidência de Temer mas quase toda a classe política.
O mundo tem os olhos postos no Brasil e com não com pouca apreensão. Não é uma alegria para ninguém, dentro ou fora do país, ver um gigante econômico, no qual tantas esperanças foram depositadas, cambalear agitado por uma crise interna plena de incertezas lúgubres. Temos ao lado a Venezuela, o rico país vizinho que se desgarra e se desfia todo dia atormentado pela teimosia de políticos que preferem o caos, e até a miséria das pessoas, a apear de um poder que se sustenta à força, contra a vontade da maioria. Os analistas mais serenos concordam que o Brasil ainda está em tempo de dar marcha ré da loucura que o agita e oferecer à sociedade a possibilidade de decidir em paz sobre seu destino em eleições livres em 2018.
Se o grau de responsabilidade depende da força do poder de quem preside as instituições, neste momento cabe a Temer, que está no fim de seu longo caminho político, até ontem sem máculas, oferecer ao país uma saída o menos dolorosa e perigosa possível, por mais difícil que lhe seja pessoalmente. Li que, depois de se conhecer as fatídicas conversas que hoje o incriminam, Temer chorou pensando no que dizer amanhã a seu filho. A seu filho e a todo um país, cansado de uma classe política que parece ter se esquecido da dor das pessoas, preocupada e absorta como está em como acabar com a Lava Jato para salvar a própria pele. Os brasileiros comuns, os que continuam sustentando o país com seu trabalho duro e honrado para que não se afunde ainda mais, sabem o que querem e estão à espera. E todos sabemos, pela História antiga e recente, onde pode desembocar a ira dos que se sentem traídos.
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