quarta-feira, 14 de junho de 2017

Cabral é um fabuloso aviso para PSDB e PMDB

Tucanos e peemedebistas fingem desconhecer Sérgio Cabral. Mas o destino do presidiário não lhes é estranho. Num instante em que os gênios do PSDB renovam o acordo de cumplicidade com o PMDB para preservar o mandato de Michel Temer, o primeiro presidente da história a ser denunciado por corrupção em pleno exercício do cargo, vale a pena atrasar o relógio para iluminar a trajetória de Cabral. O personagem começou a enriquecer no PSDB. E consolidou a fortuna no PMDB

Condenado nesta terça-feira pelo xará Sergio Moro a 14 anos e 2 meses de cana, Sérgio Cabral despontou para a política na década de 90. Chegou à presidência da Assembleia Legislativa do Rio como um cavaleiro da ética. Nessa época, era um jóquei do PSDB. Gente como FHC e José Serra levava a cara à propaganda eleitoral do Rio para recomendar o menino de ouro do tucanato ao eleitorado.

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Cabral agigantou-se tanto que, em 1998, começou a fazer sombra ao seu principal aliado, o então governador fluminense Marcello Alencar, cacique do PSDB. Incomodado, Allencar atirou para dentro do ninho, montando um dossiê contra Cabral. Revelou que o paladino da moralidade acumulava uma fortuna imoral. Tornara-se dono de uma casa no condomínio Portobelo, em Mangaratiba, incompatível com sua renda.

Há 19 anos, quando a encrenca veio à luz, a avaliação de mercado da casa de Mangaratiba era R$ 1 milhão. Cabral dizia ter desembolsado R$ 200 mil. Atribuía o preço camarada ao fato de ter fechado negócio “com um amigo de 15 anos”, o empresário Carlos Borges. Abespinhado, Cabral trocou o PSDB pelo PMDB, fez uma paçoca política da liderança de Marcello Alencar e foi colecionar amizade$ empresariais na poltrona de governador. O mimo de Mangaratiba virou troco.

Nos seus dois mandatos como governador, Cabral levou o Rio à breca. O Estado piorou muito. Mas seu governador melhorou extraordinariamente. Impulsionado pelas verbas federais envidas por Lula e Dilma, Cabral semeou obras e colheu propinas. Hoje, é o maior colecionador de processos da Operação Lava Jato. Responde a uma, duas, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez ações penais. A sentença de Sergio Moro foi a primeira. Restam nove.

Sérgio Cabral não é um bom exemplo para ninguém. Mas tornou-se um fabuloso aviso para tucanos e peemedebistas alcançados pela ferrugem política. A coisa funciona com a simplicidade de um sinal de trânsito. Na fração de segundo em que o sinal muda de verde para amarelo, a decisão de parar ou avançar pode significar a redenção ou a cadeia.

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