(Aqui cabe um parêntese: fiquei boquiaberto com o à-vontade de Lula entre mármores italianos, lustres de cristal, castiçais de prata, tapetes persas, salões suntuosos e criados de libré. Parecia que tinha passado a vida por ali. E eu, inocente, preocupado com a possibilidade de ele se sentir incômodo! Aliás, também surpreendeu-nos o assunto dele com minha mulher, durante o jantar que lhe oferecemos: a melhor maneira de preparar coelho, sua especialidade, segundo ele. Não, não era churrasco, polenta, buchada, sarapatel, carne de sol ou dobradinha que o ex-engraxate e torneiro mecânico nordestino preparava nos fins de semana: era “civet de lapin”!)
Adega de Atibaia |
Se resposta houve, chegou meses depois, quando a gestão petista, sem qualquer aviso prévio ou escrúpulos, removeu minha mulher para Brasília e me orientou a ficar no exterior. Tomamos conhecimento ex-post facto de algo que transtornou nossa vida e prejudicou – e muito - nossa saúde (os amigos sabem dos problemas graves que afetaram em seguida a Ana Cristina e a mim).
Os anos passaram, e já no segundo mandato de Lula, às vésperas de viagem que ele faria ao país onde eu era Ministro-Conselheiro, notei no meu Chefe o semblante perplexo. Perguntei-lhe qual a razão para aquilo - ele que era o retrato da serenidade - e respondeu-me que acabara de receber um telefonema da Presidência da República, instando-o a comprar 12 garrafas de vinhos muito finos para oferecer ao Presidente, exigência de Sua Excelência! Pode?!
Carlos Asfora
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