quarta-feira, 10 de maio de 2017

Antes do interrogatório, Lula já conseguiu o que queria: politizar o julgamento

Não interessa o que vai acontecer em Curitiba nesta quarta-feira. Já se sabe quais serão as principais consequências do interrogatório do ex-presidente Lula da Silva, que sairá vitorioso por três motivos: 1) não será desta vez que será preso; 2) sua defesa conseguiu sucesso na estratégia de politizar o julgamento e transformar Lula em perseguido político, uma manipulação grotesca, mas que ainda tem muitos adeptos no Brasil e no mundo; 3) sua pré-candidatura ao Planalto está cada vez mais fortalecida, embora se saiba que suas chances de vitória são muito reduzidas e haja a possibilidade de nem tomar posse, caso seja eleito, devido à proibição de réu criminal ocupar a Presidência da República, conforme o Supremo deliberou por ampla maioria no ano passado.

Mas nem tudo serão flores para o patriarca petista, porque essas aparentes vitórias de caráter político logo serão superadas quando o juiz federal Sérgio Moro concretizar a primeira condenação. E isso acontecerá em prazo curto, muito curto.

A luta decisiva entre o réu Lula e a Justiça está apenas começando. Tudo indica que o juiz Moro irá condenar Lula, mas não deverá decretar a prisão preventiva dele, em função do chamado “clamor público”, circunstância que todo magistrado tem de levar em conta ao fazer julgamentos. É fato que Lula é réu primário e já não há riscos de destruir provas ou tentar obstruir a Justiça.

Portanto, Moro deve lhe conceder o direito de apelar em liberdade, e o réu condenado então poderá seguir conquistando eleitores em função da “perseguição política” e do malogro da gestão de Temer, que não tem realizações a apresentar.

Mas a condenação será apenas o primeiro round (nem vamos falar em “primeiro assalto”, para não dar a impressão de que estamos prejulgando Lula, que tantos assaltos comandou aos cofres públicos).

Na fase seguinte, o segundo round será travado no Tribunal Regional Federal de Porto Alegre, o TRF4, que vai julgar a apelação dos advogados de Lula. O relator será o desembargador federal João Pedro Gebran Neto, um incansável guerreiro na luta contra a corrupção, que tem confirmado 96% das sentenças do juiz Sérgio Moro.

A Turma do TRF4 é composta de apenas três desembargadores, as chances de Lula reverter a condenação da primeira instância são mínimas. Poderá recorrer ao Superior Tribunal de Justiça e até ao Supremo, mas já estará liquidado em termos políticos e criminais, de forma definitiva.

A condenação de Lula pelo TRF4 significa que terá de cumprir a pena, juntando-se a outros condenados que já estão na carceragem da Polícia Federal em Curitiba. E isso deve acontecer antes da eleição de outubro de 2018, que estará sendo disputada por grande número de candidatos, entre os quais não estará Lula, que tem um encontro marcado com a derrocada política e pessoal que ele mesmo provocou.

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