Depois da mortandade de presos em Manaus e Boa Vista, sobreveio, entre a tarde de sábado e a madrugada deste domingo, a chacina da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, na região metropolitana de Natal. De um lado uma franquia potiguar do paulista Primeiro Comando da Capital (PCC). Do outro, o Sindicato do Crime do RN, que opera em regime de joint venture com o carioca Comando Vermelho (CV).
Em duas semanas, três massacres. Mais de uma centena de execuções. Os criminosos superaram os anseios de Bruno Júlio, aquele ex-auxiliar de Michel Temer que perdeu a chefia da Secretaria Nacional de Juventude depois de lamentar a baixa produtividade da usina de auto-extermínio que funciona nas cadeias: “Tinha é que matar mais”, ele disse. “Tinha que fazer uma chacina por semana.”
A contabilidade dos horrores de Natal ainda é desconhecida. Na noite passada, o governo estadual admitiu em nota a existência de dez cadáveres. Entretanto, vídeo pendurado na internet indicava a existência de pelo menos 17 corpos. Não foi possível concluir a escrituração porque o poder público estadual, impotente, decidiu que só entraria na cadeia depois do nascer do Sol.
Caio César, secretário de Segurança do governo do Rio Grande do Norte apressou-se em divulgar um vídeo para tranquilzar a população (assista abaixo). “Não houve fuga”, disse o secretário a certa altura. “A população pode ficar tranquila e realizar suas atividades normalmente.” O que a autoridade máxima da segurança no Estado disse aos cidadãos de bem, com outras palavras, foi o seguinte: “Fique calmo. A cadeia está cercada. Lá dentro, os bandidos estão se matando uns aos outros. Nada que mereça a sua preocupação.”
.O Datafolha informou, há três meses, que 57% dos brasileiros concordam com a máxima segundo a qual “bandido bom é bandido morto.” Quer dizer: as facções criminosas não estão senão satisfazendo, por meio do auto-extermínio, a vontade da maioria. Produzem novos carandirus sem a participação da Polícia Militar. É como se a bandidagem unisse o útil ao agradável. Defendem seus territórios e seus negócios. Simultaneamente, atendem à demanda social por sangue.
Nesse contexto, só os chatos, com seu humanismo arcaico, ainda pedem providências e punições. Só os ingênuos, com seu horror postiço, ainda não suprimiram dos seus hábitos o ponto de exclamação. Atentas ao avanço da sociedade brasileira rumo à Idade Média, as facções criminosas já não querem só comida. A bandidagem também quer diversão e arte. A falência do Estado dá ao criminoso a chance de oferecer seu vernissage semanal de cadáveres.
.O Datafolha informou, há três meses, que 57% dos brasileiros concordam com a máxima segundo a qual “bandido bom é bandido morto.” Quer dizer: as facções criminosas não estão senão satisfazendo, por meio do auto-extermínio, a vontade da maioria. Produzem novos carandirus sem a participação da Polícia Militar. É como se a bandidagem unisse o útil ao agradável. Defendem seus territórios e seus negócios. Simultaneamente, atendem à demanda social por sangue.
Nesse contexto, só os chatos, com seu humanismo arcaico, ainda pedem providências e punições. Só os ingênuos, com seu horror postiço, ainda não suprimiram dos seus hábitos o ponto de exclamação. Atentas ao avanço da sociedade brasileira rumo à Idade Média, as facções criminosas já não querem só comida. A bandidagem também quer diversão e arte. A falência do Estado dá ao criminoso a chance de oferecer seu vernissage semanal de cadáveres.
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