Brasil festeja como suas medalhas conquistadas por heróis que maltrata
As medalhas contabilizadas pelo Comitê Olímpico Brasileiro desde os Jogos da Antuérpia, em 1916, não foram obtidas pelo país. Foram conquistadas por atletas que conseguiram subir ao pódio apesar do país em que vieram ao mundo. Se tivessem nascido nos Estados Unidos, por exemplo, todos eles mereceriam desde a pré-adolescência o tratamento dispensado a possíveis campeões pela mais eficaz política esportiva do planeta.
Nunca houve no Brasil um programa que estimulasse consistentemente a prática de todas as modalidades olímpicas. Se algo parecido existisse nestes trêfegos trópicos, por exemplo, o extraordinário Felipe Wu ─ medalha de prata no tiro com pistola ─ não treinaria no quintal da própria casa, nem gastaria parte do salário em munição. A federação que supostamente cuida desse esporte não pôde ajudá-lo por falta de verba: não lhe coube um só centavo da dinheirama distribuída pelo COB.
O país do futebol menospreza esportes individuais e maltrata os atletas que teimam em praticá-los. Mas festeja como se fossem suas façanhas com as quais pouco ou nada teve a ver. Foram todas protagonizadas por heróis que, como Felipe Wu, seriam vitoriosos mesmo se nascidos nas Ilhas Fiji. Ou no Burundi. Ou no Brasil. Augusto Nunes
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