Esse saldo assegurado, repita-se, pelos trabalhos de parto do plano econômico reclamado pela crise devastadora e pelo enterro da diplomacia da canalhice estaria reduzido a pó se Romero Jucá fosse dormir ainda ministro. Não porque a turma do quanto pior, melhor conseguiria fôlego para mais algumas horas de gritaria. Esses são um bando de derrotados sem horizontes (e, daqui a pouco, sem emprego nem mesada). O que o afastamento de Jucá impediu foi a reação justificadamente colérica de milhões de brasileiros exaustos de ladroagem, cinismo e sem-vergonhice.
O Brasil decente aprendeu que não pode haver bandido de estimação e que todo corrupto merece cadeia, sejam quais forem o tamanho da conta bancária, o estado civil ou opção sexual. O que já se sabia do senador por Roraima era suficiente para fazer de sua presença no coração do poder uma aposta de altíssimo risco. As conversas telefônicas divulgadas pela Folha confirmaram que Temer teve a seu lado, durante 10 dias, um homem-bomba com teor explosivo capaz de explodir o governo recém-nascido.
O comportamento do presidente no bota-fora de Jucá demarcou outra fronteira que o separa de Dilma e Lula. Em episódios semelhantes, o padrinho e a afilhada sempre tentaram varrer para baixo do tapete a sujeira produzida por bandidos companheiros. Hoje estão todos juntos no mesmo lixão.
O despejo de Jucá eliminou o perigo real e imediato. É preciso agora remover as muitas minas terrestres que continuam espalhadas pela Esplanada dos Ministérios. Pelo visto, Temer ouviu a voz das ruas. E compreendeu que, no Brasil redesenhado pela Lava Jato, não há esperança de salvação para governantes que protetores de delinquentes. Quem não enxergar tal evidência terá o mesmo fim de Dilma e Lula.
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