Aprender inglês pelo celular no caminho de volta para casa, dentro do ônibus, ou probabilidade estatística na fila do banco pelo tablet. O avanço das tecnologias, somado às mudanças no perfil dos alunos, que já não aguentam mais ficar horas sentados recebendo informação dos professores nas tradicionais salas de aula, impulsionaram o crescimento do ensino a distância (EAD) no mundo todo. Somente no Brasil, o segmento apresentou um salto significativo nos últimos cinco anos, com o surgimento de diversas startups voltadas para os mais variados níveis educacionais, desde o ensino básico até a pós-graduação e o treinamento corporativo. Nesse período, o número de matrículas em EAD cresceu 70%, passando de 2,2 milhões de alunos em 2005 para mais de 3,8 milhões em 2015. Os dados são da Associação Brasileira de Ensino a Distância (Abed).
Em um país de dimensões continentais, onde o acesso à sala de aula em regiões afastadas dos centros é bastante dificultado, onde menos de 20% dos alunos que concluem o ensino médio chegam às universidades, onde a falta de flexibilidade do horário de trabalho inviabiliza que muitos profissionais dediquem o tempo demandado por cursos tradicionais de especialização, parece natural que o modelo de ensino a distância tenha crescido exponencialmente nos últimos anos.
São os cursos livres, que não emitem certificação, no entanto, os que mais contribuíram para a evolução do ensino a distância, fator que está diretamente ligado à popularização dos MOOCs (Masive Open Online Courses) mundo afora. Os MOOCs nasceram como videoaulas gratuitas e abertas para quem quisesse acessá-las, gravadas por professores universitários de renomadas instituições, como Harvard e MIT, durante suas tradicionais aulas presenciais. O conteúdo era disponibilizado no site das universidades e até no YouTube e viraram febre entre os usuários de internet de todo o mundo.
Aproveitando o conteúdo disponível online dessas universidades, muitasstartups lançaram sites que reuniam esse material e os transmitiam aos seus usuários. A mais conhecida delas é a Coursera, fundada por professores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, em 2011, em parceria com outras 17 instituições de ensino. O Brasil, contudo, é hoje o quarto maior usuário do Coursera. Dos 16,5 milhões de alunos cadastrados, 700.000 são brasileiros. Por conta disso, a plataforma começou até a legendar seus cursos em português.
O sucesso do Coursera não demorou a inspirar startups brasileiras a fazerem o mesmo. Em 2012, por exemplo, nasceu o Veduca, site que reúne MOOCs de universidades internacionais e nacionais de renome, como USP e Unicamp. O site conta com 300 cursos livres de 20 instituições de ensino e mais de 800.000 alunos cadastrados. “Nos primeiros quatro meses que ficamos no ar, recebemos 50.000 usuários cadastrados e 270.000 visitas únicas”, conta um dos sócios-fundadores, Marcelo Mejlachowicz. O crescimento da startup chamou a atenção de investidores e a empresa chegou a receber 3,5 milhões de dólares de grandes fundos de investimento globais, como Bolt Ventures e 500 stratups. Com o investimento, a Veduca conseguiu colocar no ar 15 cursos no formato MOOC e, mais recentemente, lançar seus dois primeiros MBA online, que são direito a certificado reconhecido pelo Ministério de Educação (MEC).
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