sábado, 30 de janeiro de 2016

'Boom' do Brasil que aprende na tela

Aprender inglês pelo celular no caminho de volta para casa, dentro do ônibus, ou probabilidade estatística na fila do banco pelo tablet. O avanço das tecnologias, somado às mudanças no perfil dos alunos, que já não aguentam mais ficar horas sentados recebendo informação dos professores nas tradicionais salas de aula, impulsionaram o crescimento do ensino a distância (EAD) no mundo todo. Somente no Brasil, o segmento apresentou um salto significativo nos últimos cinco anos, com o surgimento de diversas startups voltadas para os mais variados níveis educacionais, desde o ensino básico até a pós-graduação e o treinamento corporativo. Nesse período, o número de matrículas em EAD cresceu 70%, passando de 2,2 milhões de alunos em 2005 para mais de 3,8 milhões em 2015. Os dados são da Associação Brasileira de Ensino a Distância (Abed).

Em um país de dimensões continentais, onde o acesso à sala de aula em regiões afastadas dos centros é bastante dificultado, onde menos de 20% dos alunos que concluem o ensino médio chegam às universidades, onde a falta de flexibilidade do horário de trabalho inviabiliza que muitos profissionais dediquem o tempo demandado por cursos tradicionais de especialização, parece natural que o modelo de ensino a distância tenha crescido exponencialmente nos últimos anos.

São os cursos livres, que não emitem certificação, no entanto, os que mais contribuíram para a evolução do ensino a distância, fator que está diretamente ligado à popularização dos MOOCs (Masive Open Online Courses) mundo afora. Os MOOCs nasceram como videoaulas gratuitas e abertas para quem quisesse acessá-las, gravadas por professores universitários de renomadas instituições, como Harvard e MIT, durante suas tradicionais aulas presenciais. O conteúdo era disponibilizado no site das universidades e até no YouTube e viraram febre entre os usuários de internet de todo o mundo.

Aproveitando o conteúdo disponível online dessas universidades, muitasstartups lançaram sites que reuniam esse material e os transmitiam aos seus usuários. A mais conhecida delas é a Coursera, fundada por professores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, em 2011, em parceria com outras 17 instituições de ensino. O Brasil, contudo, é hoje o quarto maior usuário do Coursera. Dos 16,5 milhões de alunos cadastrados, 700.000 são brasileiros. Por conta disso, a plataforma começou até a legendar seus cursos em português.

O sucesso do Coursera não demorou a inspirar startups brasileiras a fazerem o mesmo. Em 2012, por exemplo, nasceu o Veduca, site que reúne MOOCs de universidades internacionais e nacionais de renome, como USP e Unicamp. O site conta com 300 cursos livres de 20 instituições de ensino e mais de 800.000 alunos cadastrados. “Nos primeiros quatro meses que ficamos no ar, recebemos 50.000 usuários cadastrados e 270.000 visitas únicas”, conta um dos sócios-fundadores, Marcelo Mejlachowicz. O crescimento da startup chamou a atenção de investidores e a empresa chegou a receber 3,5 milhões de dólares de grandes fundos de investimento globais, como Bolt Ventures e 500 stratups. Com o investimento, a Veduca conseguiu colocar no ar 15 cursos no formato MOOC e, mais recentemente, lançar seus dois primeiros MBA online, que são direito a certificado reconhecido pelo Ministério de Educação (MEC).

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