O diabo é que fora os sem trabalho, ninguém dá atenção ao drama de cada família posta da noite para o dia na indigência. Sem recursos para enfrentar a próxima semana e obrigada a desdobrar-se em bicos e paliativos sempre mais raros, caminham para o desespero. Essa é a verdadeira face do desemprego, ignorada pelo governo, elites e até a mídia: o desempregado, entregue à missão impossível de encontrar outro trabalho e desamparado sem alternativa para sustentar a família. Sem falar que os encarregados de zelar por eles acabam de restringir o salário-desemprego, mesmo tendo prometido que os direitos sociais seriam preservados.
Se cada cidadão ainda empregado dedicasse um minuto que fosse a imaginar como se arranjaria caso postado do lado de lá, a situação poderia começar a mudar. Mas não muda porque as agruras dos outros passam longe das nossas, até com certa razão.
O que falta nesses tempos bicudos é solidariedade. Mobilização do conjunto em favor do indivíduo. A revolta precisa ser organizada, pois potencial para mudar existe. O que não dá para seguir adiante é a acomodação. A passividade do condenado que segue no rumo da guilhotina imaginando apenas dever o pescoço do infeliz à sua frente cair antes do que o dele.
Logo chegaremos à situação de só haver pescoços atrás de nós. Fracassou o modelo um dia apregoado pelo PT e penduricalhos, como continua vitorioso o exemplo dado pelos donos da guilhotina. A hora seria de a multidão de condenados insurgir-se diante desse determinismo milenar atingindo hoje níveis só superados pela revolta. Antes que seja tarde. Unidos, os trabalhadores conseguiriam dar a volta por cima, mas jamais com aqueles que dizem representar-nos. Pode ter sido por falta de um projeto acorde com as necessidades gerais, pode ter sido pela tentação do sucesso na corrupção. Tanto faz, se o resultado final apresentado pelos companheiros é o mesmo. No caso, o fracasso.
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