segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

A necessidade da revolta dos sem trabalho

Sobre o desemprego, tanto governo quanto empresários e a mídia ficam com os números oficiais, aliás distorcidos e incompletos. A cada dia mais atividades dispensam trabalhadores, como 40 mil na indústria automotiva, na terça-feira, e 80 mil na quarta, perfazendo mais de 200 mil no sábado. Amontoam-se demitidos na agroindústria, nas grandes, médias e pequenas empresas, no comércio e nos serviços de toda espécie, mas lá pelos lados do ministério do Trabalho divulga-se 9% da mão de obra mandada embora, mentira aceita pelas elites, pois já beira os 11%. Traduzindo, 10 milhões que há pouco eram 8 milhões e amanhã serão 12 ou 14 milhões estão desempregados. Tudo é divulgado sob a aparência de frias estatísticas, números registrados como numa prova de aritmética para pimpolhos do curso básico.

O diabo é que fora os sem trabalho, ninguém dá atenção ao drama de cada família posta da noite para o dia na indigência. Sem recursos para enfrentar a próxima semana e obrigada a desdobrar-se em bicos e paliativos sempre mais raros, caminham para o desespero. Essa é a verdadeira face do desemprego, ignorada pelo governo, elites e até a mídia: o desempregado, entregue à missão impossível de encontrar outro trabalho e desamparado sem alternativa para sustentar a família. Sem falar que os encarregados de zelar por eles acabam de restringir o salário-desemprego, mesmo tendo prometido que os direitos sociais seriam preservados.

Se cada cidadão ainda empregado dedicasse um minuto que fosse a imaginar como se arranjaria caso postado do lado de lá, a situação poderia começar a mudar. Mas não muda porque as agruras dos outros passam longe das nossas, até com certa razão.

O que falta nesses tempos bicudos é solidariedade. Mobilização do conjunto em favor do indivíduo. A revolta precisa ser organizada, pois potencial para mudar existe. O que não dá para seguir adiante é a acomodação. A passividade do condenado que segue no rumo da guilhotina imaginando apenas dever o pescoço do infeliz à sua frente cair antes do que o dele.

Logo chegaremos à situação de só haver pescoços atrás de nós. Fracassou o modelo um dia apregoado pelo PT e penduricalhos, como continua vitorioso o exemplo dado pelos donos da guilhotina. A hora seria de a multidão de condenados insurgir-se diante desse determinismo milenar atingindo hoje níveis só superados pela revolta. Antes que seja tarde. Unidos, os trabalhadores conseguiriam dar a volta por cima, mas jamais com aqueles que dizem representar-nos. Pode ter sido por falta de um projeto acorde com as necessidades gerais, pode ter sido pela tentação do sucesso na corrupção. Tanto faz, se o resultado final apresentado pelos companheiros é o mesmo. No caso, o fracasso.

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