terça-feira, 3 de novembro de 2015

Governo pedala, pedala e não vai a lugar algum


O que prova que temos governo, e um governo que funciona – não importa se bem ou mal? As notícias que a mídia divulga diariamente a respeito dele.

O ministro tal disse isso. O outro ministro disse aquilo.

O ministro Joaquim Levy, da Fazenda, participou de um seminário em Londres. Ou em Nova Iorque. Ou em Genebra.

A presidente Dilma voou a algum Estado para entregar novas unidades do programa Minha Casa Minha Vida. Na volta, se reunirá com Lula em Brasília para receber novas orientações.


Coisas assim indicam que o governo não está paralisado. Mas é quase como se estivesse. Porque o que de fato importa não anda.

A aprovação do ajuste fiscal não anda. Está parado no Congresso, mais exatamente na Câmara dos Deputados. E o motivo é simples: o governo não reúne votos suficientes para aprová-lo.

Segue a distribuição de cargos para os políticos que prometerem votar como quer o governo. Aboliu-se qualquer critério para o preenchimento dos cargos. Vale tudo, de preferência gente sem atributos técnicos.

Mesmo assim, o governo não se sente seguro para enfrentar a votação de assuntos delicados.

Aumentou o grau de independência dos deputados federais em relação ao governo. E a explicação é só uma: por que identificar-se com um governo rejeitado pela maioria esmagadora da população?

O que ganho se fizer as vontades de uma presidente condenada por oito em cada dez brasileiros?

Aqui mora a explicação para a inércia do governo. Poucos têm coragem para defendê-lo. Mesmo se contemplados com sinecuras.

Outra razão para a inércia: Dilma não sabe para aonde ir e o que fazer. Espera que a crise econômica se resolva mediante o arrocho que levou. Só tem hoje uma ideia fixa: escapar do impeachment.

A crise política não sumirá do mapa porque a econômica começará a esfriar a partir do segundo semestre de 2016, se tudo der certo.

Há sinais no horizonte de que a crise política escalará mais alguns degraus por causa da Lava-Jato e do que possa acontecer com Lula e seus parentes.

Oposição e governo estão cada vez mais distantes e sem canais de diálogo. A oposição ganha com isso, o país não necessariamente.

As próximas eleições municipais farão o PT sangrar mais do que ele pode admitir.

Sem que o governo Dilma se recupere, nada salvará o PT do desastre desenhado para 2018.

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