quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Um misto de letargia e revolta ameaça tomar conta dos brasileiros

Um misto de letargia e revolta ameaça tomar conta dos brasileiros, sobretudo dos que procuram entender o que se passa no país. Tentei assistir, na terça-feira 13.10, ao jogo do Brasil contra a Venezuela, mas nem mesmo a beleza plástica do futebol, que outrora me encantou e divertiu, tem conseguido me desconcentrar desse cenário político fedorento em que nos meteram (ou a culpa é também nossa porque não soubemos escolher nossos representantes?). Um cenário que não me comprometerá no futuro (tenho mais de meio século de janela…), mas promete ser muito difícil para nossos filhos e netos. E o pior é que os políticos insistem em torná-lo ainda pior e com a necessária força para nos levar à deterioração do nosso frágil quadro institucional.

O que desejam nossos políticos, especialmente os de oposição, que não conseguem apresentar ao país uma saída consistente para a crise? O que quer o ex-presidente Lula, que chegou aonde não merecia chegar? O que pretende, enfim, a sua errática e confusa pupila?

Talvez seja isso – a dificuldade de dar resposta a essas perguntas – que me leva aos poucos a perder o interesse pelo esporte que encantou e ainda encanta multidões no mundo todo. E, quando me lembro do craque Neymar, a coisa piora muito. Acusado de ter sonegado impostos, aqui e na Espanha, em companhia do pai, teve bloqueada a bagatela de R$ 180 milhões. E isso, como disse outro dia o escritor Ruy Castro, na “Folha de S. Paulo”, não o tornou nem um pouco menos rico.

Trata-se de uma inversão de valores difícil de ser tolerada. O desconforto só melhora quando leio o nosso Tostão e o jornalista Juca Kfouri, que seriam os substitutos dos grandes do passado, dentre os quais se destacam Nelson Rodrigues, Armando Nogueira e João Saldanha. Conheci os três pessoalmente, e não apenas por meio das suas crônicas. Tive o privilégio de ser companheiro do segundo e do terceiro no velho “JB”. Se estivessem vivos, como se comportariam hoje?

O que fez Neymar? Ou ele foi só mais um discípulo do ex-presidente Lula? O craque, simplesmente porque lhe interessava, desrespeitou a lei. Nada mais. Depois que o Tribunal de Contas da União (TCU) rejeitou as contas (de 2014) da presidente Dilma Rousseff, que desrespeitou a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), seu padrinho, em discurso para pequenos agricultores em São Bernardo do Campo, a justificou dizendo: “Estou vendo a Dilma ser atacada por conta de umas pedaladas. E quais eram as coisas que a Dilma tinha que pagar? Ela fez as pedaladas para pagar o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida”.

O dinheiro de Neymar não era público, mas o de Dilma era nosso. O que fizeram foi admitir que os fins justificam os meios.

É inconcebível o que disse Lula. Pergunto ao ministro Patrus Ananias, advogado e professor de direito, que estava ao lado de Lula quando ele falou em São Bernardo: um ex-presidente da República pode pregar, abertamente, o desrespeito à lei? É esse o exemplo que Lula tem na algibeira para transmitir aos pequenos agricultores? Por onde anda a Ordem dos Advogados do Brasil, que não o interpela?

Por que, então, o espanto quando se noticia que o ex-presidente Lula se reuniu com deputados do PT para pedir que deem uma trégua a Eduardo Cunha? São ou não, leitor, farinha do mesmo saco?

A presidente Dilma – não há como negar – tem sido um desastre na condução do governo, mas o mal que Lula faz hoje ao país é insuportável. Pena é que não haja impeachment para ex-presidente!

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