terça-feira, 22 de setembro de 2015

Nosso Mediterrâneo


O mesmo noticiário da TV mostrou a tragédia dos imigrantes na Europa e o resultado do analfabetismo de nossas crianças na escola.

Parecem coisas diferentes, mas a tragédia é a mesma: os primeiros estão impedidos de entrar na riqueza do outro lado do Mediterrâneo, as nossas crianças estão impedidas de entrar no futuro com a educação necessária para saírem da pobreza.

Os primeiros usam barcos precários correndo o risco do naufrágio biológico que leva a perda da vida, os nossos usam escolas precárias, condenados ao naufrágio intelectual, sem o conhecimento necessário à uma vida plena no mundo moderno.

Os dois grupos naufragam, buscando sair das privações.

Os primeiros sofrem pela desigualdade entre seus países e os países da Europa, os nossos pela desigualdade interna e o abandono por nossas elites.

Os primeiros têm esperança de que os governos europeus possam ter a consciência e a ética da necessidade de apoiarem os náufragos, retira-los da água, darem abrigo e até absorvê-los; aqui, nos próximos anos ou décadas, dificilmente nossa elite dirigente desejará ou conseguirá salvar nossos náufragos, dando-lhes o barco de uma escola com qualidade.

Lá, o Mediterrâneo serve como uma cortina de ouro protegendo os privilégios dos europeus contra os invasores que chegam em barcos precários, aqui, os ricos brasileiros se protegem com outra forma da mesma cortina de ouro que impede os pobres de emigrarem ao futuro usando as naves espaciais de boas escola.
Cristovam Buarque

Um comentário:

  1. Infelizmente este artigo está cheio de erros.
    Que tal consultar um mapa para saber onde fica a Síria, antes de escrever tal artigo? Os refugiados sírios atravessam o mar Egeu e não o mediterrâneo!

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