terça-feira, 22 de setembro de 2015

É preciso salvar as joias da coroa

As crises sempre exigem intervenções dolorosas e muita compreensão. A prudência deve nortear nossas ações, para que não nos arrependamos no futuro.

Por pensar dessa forma, confesso que fiquei bastante assustado com o encaminhamento da proposta do Ministério da Fazenda de cortar parte apreciável dos recursos do “Sistema S”, inviabilizando muitos de seus projetos, que considero decisivos para o crescimento sustentável do país.

A educação profissional e tecnológica e a inovação são parâmetros que determinam o êxito das empresas na sua constante busca pela competitividade.

Mais de 95% dos nossos empreendimentos nacionais são micro e pequenas empresas, que dependem do apoio de organizações como o SEBRAE e as Federações das Indústrias.

Micro e pequenas empresas são responsáveis por mais da metade dos postos de trabalho hoje oferecidos no país e por cerca de 40% da massa salarial.

No final dos anos 90, a taxa de sobrevivência dessas empresas em até dois anos de existência era inferior a 35%. Hoje ultrapassa os 75%, graças ao apoio decisivo do sistema S, por meio da orientação, da consultoria e do apoio à inovação e agregação de valor aos produtos. Elas são a garantia da geração de emprego e renda e, consequentemente, protagonistas do crescimento.

Aqui no Rio de Janeiro, por exemplo, os arranjos produtivos de moda íntima e moda praia e de rochas ornamentais foram iniciativas da FIRJAN e do SEBRAE/RJ. Os escritórios regionais dessas duas grandes organizações orientam os empresários, oferecem alternativas para o crescimento de suas empresas, apóiam as prefeituras na elaboração de planos de desenvolvimento, contribuem para melhoria da competitividade e ainda abrem as portas para novas oportunidades de negócios, tanto no plano nacional, como no internacional.

Em 2014 o SENAI alcançou a marca de 3,7 milhões de matrículas em cursos de formação profissional, nas mais diversas modalidades, utilizando-se de suas instalações, de unidades móveis e remotas, ou ainda de cursos a distância. Todos eles poderão ser reduzidos em 40% em função dos cortes.

Por outro lado, o nosso ensino ainda se situa bem abaixo dos níveis de qualidade recomendados pelas avaliações internacionais. A consequência prática do desempenho medíocre observado é o baixo rendimento dos egressos do ensino médio quando chegam aos seus empregos. Por isso, o SESI, criou um sistema de ensino que vem incrementando a qualidade do ensino em nosso país. Assim, a Firjan lançou em 2012 o Programa SESI-FIRJAN Matemática, que visa a melhoria do ensino dessa disciplina entre os estudantes do ensino médio do Estado.

No momento em que se tem como certa a redução do PRONATEC, o SENAI e as outras organizações do sistema S tornam-se preciosidades para o desenvolvimento do setor produtivo, sem o qual não haverá crescimento econômico e da indústria e melhoria do padrão de vida da população, que são os paradigmas perseguidos pela nossa sociedade.

Alem disso, com o foco na tecnologia, e visando ampliar a capacidade de inovação das indústrias, a CNI criou 26 institutos de inovação e 61 de tecnologia em todo o país, em áreas onde a carência é significativa.

Um dos mais importantes valores de uma nação está na indústria. Sem ela, o país não sobreviverá na sociedade do conhecimento.. Ela, para mim, representa a jóia da coroa que não pode ser perdida.

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