segunda-feira, 6 de abril de 2015

É preciso criticar ainda mais


Nunca na historia deste país (obrigado, Lula, pelo chavão) o brasileiro apanhou na cara desde que acorda. Nem escapa de pesadelos aterradores: fome, doença para ser atendido no SUS, desemprego eterno, inflação "galopante", assaltos de mascarados do Planalto, cavaleiros políticos do Apocalipse.

Acordou, ligou o rádio, a tevê, o computador, o smartphone, e aí vem a escarrada na cara de quem trabalha, sua e é condenado a pagar o pedágio de viver à milícia governamental.

Em país sério, ou a cambada de canalhas faria seppuku, ou arrumava as malinhas correndo para entrar no xilindró. Fariam tudo rapidinho porque os cidadãos já sairiam de casa armados para começar uma revolução. Todo pronto para um dia (ou uma semana, ou um mês) de fúria. Cada um por si mesmo seria bomba humana partindo para o quebra-quebra, marchando em bloco de manifestação contra as arbitrariedades ou a bandidagem governamental.

Aqui depois de socos na boca do estômago, das taponas e das escarradas cretinas na cara, o brasileiro sai engolindo as ofensas à sua dignidade de trabalhador. E pelas ruas, espremido em transporte público, com o salário minguando, engarrafado com o carro que está pagando cada vez mais caro, baixa a cabeça de um torturado, escravo de poderes de uma gangue que assalta o país.

Vai cada um, aos poucos, engolindo os sapos que lhe enfiam goela abaixo. De povo cordial, como fazem acreditar – e ele acredita -, passa a povo acomodado, cabisbaixo diante do Poder, enfraquecido pela praga política. Escorraçado.

Direis, mas o povo vai às ruas! Vai, bem menos do necessário para pressionar efetivamente um governo desgovernado. Ainda é preciso bem mais, insistentemente, por todas as vias, repudiar todos os cretinos, do partido que for, de direita, esquerda ou os costumeiros de cima do muro. Denunciar com fotos a porcaria que nos oferecem como maravilhas, obras de milhões que fedem longe como outras galhofas. Gritar nas redes ainda mais, promover panelaços de ensurdecer o surdo poder. Não temer a bandidagem política, porque somos donos de nós e livres, dignos, o que não são nem serão.

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