segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Brasil precisa de 'mudança urgente'

Um editorial da revista científica The Lancet, intitulado "Novos Começos para a América Latina?", publicado neste sábado, afirma que há muito em jogo nas eleições presidenciais do Brasil, e alerta para uma possível instabilidade política no caso de uma derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL).

"Se as pesquisas estiverem corretas, Bolsonaro será derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva no primeiro ou no segundo turno. Entretanto, a diferença entre ambos está ficando mais estreita", afirma o editorial da revista, considerada uma das mais importantes publicações científicas em todo o mundo.

"Há temores de que Bolsonaro, conhecido por sua volatilidade e incitação indireta à violência, não sairá passivamente ", diz o texto, que ressalta as críticas do atual mandatário ao sistema eleitoral brasileiro.


"O gerenciamento desastroso de Bolsonaro da pandemia de covid-19 e seu desrespeito às mulheres, minorias étnicas, povos indígenas e ao meio ambiente são amplamente conhecidos. Em seu governo [...] a desigualdade e a pobreza aumentaram vertiginosamente, e o Brasil voltou ao mapa da fome."

"Correspondências publicadas na The Lancet descrevem como cientistas e instituições científicas vem sendo sabotadas. O Brasil precisa de mudança urgente", dizem os editores da revista.

"Se as previsões para as eleições no Brasil estiverem corretas, o país se juntará a outras nações latino-americanas onde existem esperanças renovadas de mudanças progressivas na sociedade". Como exemplo, a revista cita as eleições de Gustavo Petro, na Colômbia, "um ex-guerrilheiro que tomou posse em agosto"; e Gabriel Boric no Chile.

O editorial afirma que Petro e Boric se diferenciam dos demais líderes latino-americanos por incluírem em suas agendas os temas da sustentabilidade, proteção aos direitos das mulheres e a inclusão política das minorias étnicas.

"Há uma chance sem precedentes para novos começos na América Latina; uma oportunidade de realizar mudanças positivas para aliviar a negligência, desigualdade e violência aprofundadas. Esperamos que o Brasil opte por aproveitar essa oportunidade", concluem os editores.

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