Ruínas onde foram ontem casas,
corpos a apodrecerem no chão,
crianças mortas, lindas, já sem asas,
um mundo, antes, vivo, em implosão.
Por todo o lado, a morte em vez da vida,
por todo o lado, o nada em vez do tudo,
por todo o lado, a vida invertida
e o rasto do monstro chavelhudo.
Natureza morta conspurcada,
oferta a pintor alucinado,
paisagem cagada e mijada,
pra futuro museu excomungado.
A loucura a inventar uma arte,
que erga, no inferno, seu estandarte!
Eugénio Lisboa
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