A população de qualquer animal cresce enquanto houver recursos para alimento e espaço para dejetos. Esgotado um deles, a tribo migra ao encontro de novas fontes e sumidouros. Foi assim que deixamos as proximidades do Kalahari e nos espalhamos pelo mundo. Não encontrando novos recursos, a população declina, como na pandemia da Grande Peste. Então, um novo mundo foi descoberto. Depois, a energia extraída dos fósseis permitiu que a população da espécie continuasse a crescer.
Numa escala secular, alguns se adaptam. Outros juntam-se aos dinossauros. Numa escala geológica, mares se elevam ou contraem, montanhas idem, continentes se deslocam. Alguns animais se adaptam, transformando-se, outros não.
O animal humano é peculiar. Alguém já viu alguns chipanzés bilionários enquanto outros definham? Há notícia de uma ave escravizando e desprezando outra baseada na cor das penas?
Entre humanos a relação entre aumento populacional e ambiente é importante, mas ainda mais crucial é a questão do consumo, pois – grande novidade!!! – nós humanos não somos iguais no que consumimos; alguns extrapolam, outros minguam. Um difícil problema político é definir quem extrapola, mas é aceitável propor que quem definha é a maioria mais pobre, em especial os 50% abaixo da média! E pobreza, aqui, não se limita à falta de dinheiro; há que incluir outras carências. Como disse Arnaldo Antunes: “A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte. A gente quer comer e fazer amor”!
Quais políticas desenhar para dar aos que definham uma chance de superar suas carências, sem comprometer o habitat?
O caminho para preservar a nossa espécie exige concordar e agir conforme a frase célebre: “Há riqueza bastante no mundo para as necessidades do homem, mas não para a sua ambição”, dita por alguém que, pacificamente, conseguiu algo que a maioria julgava impossível sem violência: Gandhi.
Hoje, pode-se medir os impactos das muitas e diversas atividades humanas (viajar, trabalhar, vestir, comer, defecar…) sobre o meio ambiente e sobre a sua e outras espécies, assim como identificar quem causa o impacto: viagens intercontinentais, em jatos privados, superam em décadas a emissão anual média do animal humano; automóveis poluem mais que ônibus!
O maior desafio atual a nós humanos é reverter a degradação humana – sofrida pelos mais pobres – e a degradação ambiental, sendo que esta agrava a primeira!
O total de humanos que pode viver no planeta depende do impacto que cada um causa. Se aqui está cheio – mais em razão do diferencial de consumo do que da quantidade de indivíduos –, haverá outro planeta para onde ir? Quem poderá ir? Se houver, a recepção aos humanos imigrantes será similar à que sofrem os que se dirigirem à Europa e aos EUA?
É este o futuro que queremos?
No Brasil, o que cobrar dos candidatos, e de nós mesmos, para desenharmos e percorrermos outro caminho? Como nos adaptarmos para vencer o desafio do século e sobreviver?
Nenhum comentário:
Postar um comentário