Ainda mais agora que ele arranjou uma desculpa perfeita para se ausentar: comer camarões sem mastigar, engolindo-os com cabeça e tudo, baixar no hospital e, deitado na cama, tirar aquela foto já clássica, exibindo a sonda nasogástrica.
Cada internação por dores na barriga ressuscita o atentado sofrido em 2018. Os bolsonaristas acreditam que o episódio, já virado pelo avesso do avesso pela Polícia Federal, ainda pode ter influência no eleitor de 2022. O chato da narrativa é a realidade: o candidato sobreviveu à facada e foi eleito, sendo obrigado a ocupar o cargo e a fingir que governa há mais de três anos.
As facadas que Bolsonaro desfechou no país —destruição institucional, sanitária, ambiental, econômica, educacional, cultural, moral, ética, estética— estão refletidas nele, são indissociáveis da sua imagem de hoje. Tirou a máscara o político que se vendia como outsider, revelando-se o pior presidente da história. Aquele que, com apoio de generais superalimentados, inventou um orçamento secreto para comprar o centrão.
Se participasse dos debates, o capitão não poderia impor regras. Tampouco mandar o oponente calar a boca, como faz com jornalistas. O que diria sobre os filhos, todos envolvidos em tenebrosas transações? E sobre a primeira-dama, cuja conta bancária recebe pagamentos jamais esclarecidos? Revelaria ele, diante das câmeras, os gastos do seu cartão corporativo?
A oposição nem precisaria se esforçar diante do adversário nas cordas. Bastaria apontar e dizer: o senhor é o presidente, portanto, o responsável. Longe do cercadinho, seria suficiente uma só questão —"Cite alguma coisa que deu certo no seu governo"— para o mito beijar a lona.
Nenhum comentário:
Postar um comentário