O ministro Eduardo Pazzuelo é, no mais benigno dos adjetivos, um incompetente. E a incompetência dele mata, como fica demonstrado pelo número de cidadãos mortos de Covid. Não houve primeiro e segunda ondas da pandemia no país, simplesmente porque é a mesma onda desde o início, só que encorpada. A gestão da pandemia é um desastre de proporções bíblicas. O problema, no entanto, não é Pazzuelo, principalmente, é o chefe dele, o presidente Jair Bolsonaro — que, na sua sociopatia intrínseca e paranoia delirante, não se importa com as milhares de vidas ceifadas pelo vírus e acha que o enfrentamento do vírus, dentro das regras preconizadas pela ciência, é uma conspiração para derrubá-lo.
O grande empecilho, portanto, para que consigamos ter um mínimo de racionalidade e eficiência neste momento, o que implicaria um menor número de casos de Covid e, consequentemente, uma queda no número de óbitos, chama-se Bolsonaro. Não haverá ministro da Saúde capaz de dar conta das suas enormes tarefas, se não dispuser de autonomia para realizar o seu trabalho.
Ontem, Pazuello estava praticamente demitido, por pressão do Centrão, que não quer se ver amarrado a um governo sistematicamente chamado de “genocida”. O Centrão topa matar indiretamente o futuro do Brasil, por meio da corrupção, mas não diretamente no presente, com a demonização de medidas restritivas e do uso de máscara e a falta de qualquer planejamento digno desse nome para a vacinação em massa.
O Centrão queira emplacar a cardiologista Ludhmila Hajjar no lugar de Pazuello. Ela esteve com Bolsonaro ontem, disse que não defenderia o “tratamento precoce”, a cretinice assassina inventada pelo sociopata, e que precisava de autonomia para enfrentar a pandemia. Sem receber a garantia de que poderia executar o seu trabalho, Hajjar recusou o convite. O tamanho da encrenca, ela percebeu também pelos ataques que recebeu nas redes bolsonaristas — o único aspecto irreal que interessa ao inquilino do Planalto.
Não se sabe agora quem ocupará o lugar de Pazuello. Como nesta noite, e em todas as outras, se improvisa, o nome que o Centrão agora quer emplacar é o do deputado federal Doutor Luizinho, do PP do Rio de Janeiro — talvez, principalmente, por ter incorporado a palavra “Doutor” ao nome. Para além das pressões do Centrão, Bolsonaro tem de se haver com a queda vertiginosa de sua aprovação na condução do enfrentamento à pandemia e com os nefastos e crescentes efeitos que a propagação do vírus causa na economia. Por ele, Pazuello ficaria, porque no fundo e na superfície o atual ministro é um interino conveniente para o sociopata paranoico, que tem a sua própria ciência e acredita mesmo que a pandemia é uma criação da esquerda — agora, mais do que nunca, personificada no ex-condenado Lula.
Bolsonaro, sejamos claros, é o outro vírus a ser enfrentado imediatamente. Ele pode trocar de ministro, mas não deixará de sabotar toda e qualquer medida que possa diminuir dramaticamente o número de casos de Covid e de mortes por ela causados. É vital — e a palavra é mais do que uma metáfora — que o Centrão se convença de que é preciso remover Bolsonaro, sob pena de ser cúmplice na matança. A única vacina de que dispomos neste momento é a do impeachment.
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