Bolsonaro virou presidente numa eleição em que o voto das pessoas que pensam como ele foi anabolizado pelo pedaço do eleitorado que não suportava a ideia de devolver o PT ao poder. No volante, não foi capaz de exibir um itinerário que estimulasse o voto de exclusão a se manter a bordo do seu governo. O antipetismo foi ao acostamento.
Para compreender adequadamente o que se passa, é preciso prestar atenção no seguinte dado: para 61% dos entrevistados, Bolsonaro fez menos do que se esperava dele no exercício da Presidência. Embora ninguém ignore que o capitão herdou um abacaxi, o discurso da herança maldita vai perdendo o prazo de validade. Impaciente, a plateia começa a cobrar resultados.
O apequenamento de Bolsonaro foi alcançado com método. O presidente começou a encolher já no dia da posse. Podendo pregar a união nacional —mesmo que da boca pra fora—, preferiu atiçar a polarização. Ao discursar no parlatório do Planalto, disse que "o povo começou a se libertar do socialismo". Não percebera que a União Soviética acabara havia 28 anos. Com sorte, talvez note que a ideologia é o caminho mais longo entre um projeto e sua realização.
O processo de encolhimento foi rápido. A reversão depende basicamente da eficiência governamental e, sobretudo, da recuperação da economia. Coisa que não acontece do dia para a noite.
Nenhum comentário:
Postar um comentário