O dom de humilhar
A fritura explícita de Joaquim Levy não foi o primeiro nem será o último caso em que o presidente Jair Bolsonaro exibe um quê de prazer sádico na maneira de demitir auxiliares. Fez assim com o então embaixador em Washington, Sérgio Amaral, repetiu com Gustavo Bebiano, insistiu com o general Juarez Cunha, presidente dos Correios, prosseguiu por aí afora no espezinho a vários outros com os quais se mostrou insatisfeito.
Todo subordinado é demissível, mas ninguém precisa ser humilhado. As atitudes do presidente falam muito mais sobre ele, exibem com muito mais eloquência seus desvios de caráter, do que propriamente explicam (e de forma alguma justificam) os eventuais desacertos dos demitidos.
Uma coisa é certa: nada que extrapole os limites da normalidade dá certo. Pode demorar mais ou menos tempo, mas uma hora a exorbitância cai na cabeça do exorbitante. Está aí o PT como o exemplo mais dramático dessa lei não escrita da vida.
Se é a posse do poder absoluto que Bolsonaro quer demonstrar, ignora o fato de que só os fracos precisam do picadeiro para demonstração. Os fortes de verdade dispensam o espetáculo e a exibição dos músculos.
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