Quando o escritor Olavo de Carvalho ultrapassou todos os limites e atacou o ministro Santos Cruz e o general Villas Bôas, no último dia 7 o presidente Jair Bolsonaro foi “convidado” para um almoço fora da agenda com a cúpula das Forças Armadas no quartel-general do Exército, conhecido como Forte Apache. O que foi conversado nessa ocasião “nem às paredes confesso”, diria a grande cantora Amália Rodrigues. Sabe-se que o presidente enquadrou Olavo de Carvalho e os filhos, o Planalto até voltou a ter uma certa tranquilidade, mas foi uma ilusão julgar que Bolsonaro tinha se livrado das influências externas.
As manifestações desse domingo têm a grife do guru virginiano e dos filhos olavistas (ou “olavetes”, como o filósofo gosta de chamar os alunos). Convocá-las foi uma iniciativa que não resiste a análises e soou falso desde o início.
A decisão de promover essas manifestações surgiu nas redes sociais que apoiam o presidente, desde sempre comandadas por Carlos Bolsonaro, o Zero Dois, que não dá uma tossida sem pedir orientação a Olavo de Carvalho.
Vaidosamente, o chefe do governo aceitou a homenagem, que tem o objetivo de esculhambar Câmara, Senado e Supremo, ao defender a Lava Jato e o pacote anticrime do ministro Moro. É uma versão bolsonarista do Samba do Crioulo Doido, e estrategicamente ficaram de fora a reforma da Previdência e a dívida pública, porque há dúvidas se o povo apoia o governo em relação a esses explosivos temas.
Mas de repente surgiu no noticiário um tsunami chamado Janaina Paschoal, que ousou dizer que o rei está nu, julga-se “enviado por Deus” e convoca uma manifestação para ser elogiado pelo povo. As pessoas então começaram a acordar.
Como é óbvio que a deputado Janaina Paschoal tem toda razão, a cúpula do PSL se reuniu nesta terça-feira e decidiu que não vai apoiar a manifestação – quem quiser ir que vá. Realmente, é coisa de louco, só pode ter partido das mentes olavianas, que vivem em permanente delírio teórico e não respeitam a realidade.
Os autores da ideia não percebem que, por mais pessoas que as manifestações coloquem nas ruas, o resultado será sempre zero. Ao incentivar ataques ao Congresso, o presidente não ganhará adesão de nenhum parlamentar indeciso – pelo contrário, pode até perder apoio.
Em tradução simultânea, pode-se dizer que o capitão passou 28 anos na Câmara e não entendeu como aquilo funciona. Pensa que pode fazer com que o povo pressione os parlamentares, mas isso “non ecziste”, diria Padre Quevedo a Bolsonaro, que é volúvel em matéria de religião, não se sabe se é católico ou evangélico.
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