sexta-feira, 15 de junho de 2018

Recuperação milagrosa de Maluf realimenta as esperanças de cura do câncer

Foi uma surpresa para toda a classe média, menos para meia dúzia de jornalistas que conhecem os bastidores das tenebrosas relações entre os políticos e os tribunais superiores. Há meses de dois meses, no dia 17 de abril, os advogados do deputado Paulo Maluf (PP-SP), liderados por Antonio Carlos de Almeida Castro, mas conhecido como Kakay, divulgaram um desesperado “relatório médico complementar do Hospital Sirio-Libanês”, anunciando que o conhecido parlamentar se encontrava praticamente em estado terminal.

O boletim revelava que Maluf tinha sido foi internado devido a um “quadro generalizado que inclui pneumonia, atrofia e câncer de próstata”, além de 20 outras doenças ou sintomas da maior gravidade, como “múltiplas metástases ósseas, encefalopatia tóxico-metabólica, osteoporose, degenerações da coluna vertebral, depressão, confusão mental, alteração de humor e comportamento”, entre outros males.

O relatório tido como “complementar” do Hospital Sírio Libanês assinalava que os exames de tomografia computadorizada por emissão de pósitrons, realizados dia 11 de abril, constataram “progressão de doença neoplásica com múltiplas metástases ósseas secundárias à neoplasia prostática no sacro, na coluna (vértebra L4) e no ramo público superior esquerdo”, além de “doença neoplásica em anastomose vesicouretral”.

De posse deste sinistro relatório, o advogado Kakay fez um carnaval em Brasília, dando sucessivas entrevistas para denunciar a perversidade de se manter na penitenciária um condenado nessas condições, e pediu uma liminar ao Supremo para conceder prisão domiciliar a Maluf.

No sorteio eletrônico, o advogado deu muita sorte, pois a liminar foi distribuída ao ministro Dias Toffoli, que é amigo particular de Kakay e frequentador assíduo do bar do Piantella, quando o estabelecimento pertencia ao festivo advogado.

Toffoli ficou tão arrasado com a petição do amigo Kakay e nem se preocupou em cumprir as regras e requisitar parecer de uma junta médica oficial. Alegando se tratar de uma questão humanitária, o ministro concedeu de imediato a prisão domiciliar a Maluf, a ser cumprida na mansão do deputado, em São Paulo.

Reunindo as últimas forças, Maluf conseguiu pegar um jatinho de volta a São Paulo no dia 30 de abril. Devido a seu gravíssimo estado de saúde, esperava-se que o deputado fosse direto para ser internado no Sírio Libanês, mas ele preferiu ir para casa, e até se pensou que fosse último desejo de moribundo.

Mas agora vem uma sensacional notícia. Maluf está cada vez melhor, teve uma recuperação milagrosa e o juiz da 4ª Vara de Execuções Penais de São Paulo, Rogerio Alcazar, autorizou o deputado a frequentar três sessões semanais de fisioterapia fora da prisão domiciliar, no CareClub Clínica de Medicina do Esporte.
Não é preciso dizer mais nada. Na literatura médica universal, jamais se viu um caso como este. Cerca de um mês após voltar para casa em estado terminal, sem fazer químio, rádio ou iodoterapía, Maluf estava recuperado da metástase cancerígena e até conseguia licença para fazer fisioterapia externa.

Como nenhum paciente terminal pode ser autorizado a fazer fisioterapia em Clínica de Medicina do Esporte, fica claro que Maluf está praticamente curado. E se assim é, o condenado deve ser devolvido à Penitenciária da Papuda para pagar sua dívida com a sociedade, como se dizia antigamente.

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