– A Polícia Militar cercou a praça do Campo Grande e comunicou oficialmente ao partido que não vai permitir a reunião para lançamento das candidaturas da Oposição da Bahia ao Senado.
– Isto é ilegal, disse Ulysses. A portaria do Ministério da Justiça proíbe concentrações em praça pública, mas não em recinto fechado. A sede do partido é inviolável.
Ulysses esfregou as mãos na testa larga, desceu pelos olhos fechados, levantou-se:
– Vou entrar de qualquer jeito. Vamos entrar. É uma arbitrariedade sem limites.
Em vários automóveis, saímos todos, políticos e jornalistas. Foi marcado encontro em frente ao Teatro Castro Alves, do outro lado da sede do MDB.
A praça era um capo de batalha: 500 homens de fuzil com baioneta calada, 28 caminhões-transporte, dezenas de patrulhas, lança-chamas, grossas cordas amarradas nos coqueiros em torno da praça. Ulysses olhou, meditou, comandou:
– Vamos rápido, sem conversar.
– Parem! Parem!
Ulysses levantou os braços e gritou mais alto:
– Respeitem o presidente da Oposição!
Ulysses meteu a mão no cano de um fuzil, jogou para o lado, atravessou. Tancredo meteu o braço em outro, passou. O grupo foi em frente. Três imensos cães pastores saltam sobre Ulysses, Freitas Nobre dá um ponta-pé na boca de um, Rômulo Almeida defende-se de outro. Chegamos todos à porta, entramos aos tombos e solavancos. Ulysses sobe à janela, ligam os alto-falantes para a praça:
– Soldados da minha Pátria! Baioneta não é voto, boca de cachorro não é urna!
E os cabelos brancos se iluminavam como os coqueiros ao vento.
Era o comício que não tinha sido planejado. 14 discursos e uma passeata. Graças à batalha de Itararé da Bahia.
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