segunda-feira, 31 de julho de 2017

Thoreau, o libertário

Em 12 de julho de 1817, nascia em Concord, Massachusetts, Henry David Thoreau. Plantou, há dois séculos, ideias luminosas e tão polêmicas que, por pouco, não foram dizimadas no nascedouro. Somente, o julgamento da posteridade fez brilhar a força do conjunto da obra, em especial, pela influência exercida nos escritos de Tolstoi, como fonte de inspiração e ação libertadora de Gandhi – a Satyagraha – na luta anticolonial da Índia.

Tradutor de Desobedecendo, José Augusto Drummond, o qualifica “Homem de várias épocas”, “um provinciano universal”.

Astrid Cabral, tradutora de Walden ou a Vida Nos Bosques (Editora Antigona, Lisboa, 2009), define Thoreau como o “espírito investigador que se arremessa em direção ao futuro impulsionado por uma genial intuição”.
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Libertário, revolucionário, pacifista, ecologista profundo, anarcoindividualista à direita ou à esquerda, Thoreau era, sobretudo, um ardoroso defensor da liberdade individual e um crítico feroz do convencionalismo.

Frases imortais, entre as muitas, que me fascinam: “O melhor governo é o que menos governa (...) O melhor governo é o que absolutamente não governa. Este será o tipo de governo que os homens terão quando estiverem preparados para isto”; “Se um homem gasta metade de cada dia a passear pelas florestas simplesmente por gostar delas, arrisca-se a ser considerado um preguiçoso; mas se ele gasta o dia inteiro como especulador, devastando a floresta e provocando a calvície precoce da terra, então ele ganhará a admiração dos seus concidadãos como pessoa ativa e empreendedora”. “Não existe desastrado maior do que o sujeito que gasta a maior parte de sua vida no ato de ganhar a vida (...) O fim disso tudo será a humanidade se enforcando num galho de árvore”.

Ermitão, celibatário, morador de uma cabana por ele construída nas margens do lago Walden, morreu tuberculoso aos 44 anos, injuriado pelo pensamento utilitário dos seus coetâneos. Hoje a Fundação Thoreau abriga seu notável legado.

Preso por se recusar a pagar imposto, Thoreau deixou uma visão cética em relação à política: “A política são as vísceras da sociedade, cheias de saibro e cascalhos e os dois partidos, metades opostas que se raspam mutuamente”.

O título “libertário” foi uma escolha pessoal e insuficiente para qualificar a dimensão do pensador Thoreau. Recorro a Gabeira, autor da apresentação das edições brasileiras de Desobedecendo – a desobediência civil&outros escritos (Rocco, 1986 e 2000) que reconhece nele “um precursor da desobediência civil, da paixão ecológica e de uma pedagogia avançada”.

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