O tempo médio no cargo foi de 14 meses, se excluirmos os interinos e os cinco ministros que ficaram três anos na função, o que dificulta a condução de uma política de Estado. O governo de plantão arrasta-se em ações transitórias.
Se a estatística se confirmar, em breve haverá a esperada mudança no comando, pois faltam apenas dois meses para o atual ministro atingir a média histórica.
Não questiono sua probidade, função da Justiça, mas a proposta de criar um plano de saúde popular privado, impor um prontuário eletrônico sem uma profunda discussão técnica, autorizar a importação de quimioterápico desqualificando sociedades especializadas e acusando a classe médica de perdulária não lhe favorece na longevidade para comandar o maior orçamento de todos os ministérios, além de estar propondo desobediência à Constituição.
Dia 8 de abril, afirmou na Universidade de Harvard, EUA, segundo a BBC, que "80% dos exames de imagem no SUS têm resultado normal", representando "desperdícios que precisam ser controlados". Afirmou também que, “se o médico solicita muitos exames que dão resultados normais, ele não está agindo de forma correta com o sistema [...] exames de imagem (como tomografias e ultrassonografias) que não identificam problemas ou doenças sugerem que os médicos não estariam fazendo diagnósticos clínicos de forma correta e que, na rede pública, não estão atentos aos custos dos procedimentos”.
Político experiente, busca confundir o leitor, num jogo de palavras e estatísticas.
Claro que os exames devem ser utilizados quando há necessidade e não diminuem a responsabilidade de se buscar um diagnóstico a partir dos elementos clínicos. No entanto, os exames laboratoriais apoiam cerca de 70% das decisões médicas. Com gastos muito baixos comparados aos custos totais, têm grande impacto, por exemplo, na detecção das doenças cardiovasculares e do câncer.
Novas tecnologias contribuem para diagnósticos mais precisos, mas sofrem grande resistência para serem incorporadas, tanto no sistema público como no privado, aumentando a judicialização. Se houvesse uma política ativa de pesquisa clínica, eventuais excessos - pode tudo ou não pode nada - seriam mitigados, com base em respostas científicas, sem viés financeiro ou emocional.
Está em nossa Constituição, no seu artigo 196, que a “saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.
Há décadas a conta não fecha e o sistema vem piorando, num contínuo desrespeito à Constituição.
Qual o tratamento correto?
Não há necessidade de nenhum exame complementar para identificar essa triste imagem. Médicos sabem que o diagnóstico é clínico: ou muda-se a Constituição ou combate-se a corrupção, a mais grave doença do país.
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