O que é público é de todos e de ninguém. Saúde, educação e moradia são elementos básicos para a dignidade da vida, função do município, do Estado e da Federação. Será que merecemos? O que é coletivo deixem que alguém resolva. Quem?
Balela. No mundo real, professores mal remunerados padecem de distúrbios psicológicos, afastam-se ou abandonam a profissão. Alunos alienados por seus celulares perdem a noção básica de limites, de respeito e de civilidade. Pais sem tempo ou ausentes esperam que a escola “eduque” seus filhos. Tempos difíceis se avizinham. Seremos liderados pelo resultante de nosso individualismo, de nossa indiferença e de nossa descrença. Merecemos a escola que temos, o sistema de saúde deprimente e os serviços públicos de quinta categoria. Pagaremos por toda a nossa existência, pelo que não fazemos. Engolimos goela abaixo toda a podridão de que somos cúmplices, por nosso silêncio, nosso egoísmo, nossa cegueira das abissais diferenças socioeconômicas e nossa privação de tecnologia imposta aos cidadãos da base da pirâmide social.
Desemprego por retardo tecnológico. Internet das coisas substitui a mão de obra. O ser humano é descartável. Para que estudar? Ou ensinar? Ou educar? Porque educação é sagrada, professores são heróis anônimos dedicados a uma batalha na qual são a linha de frente, que tomba sacrificada por uma vitória improvável. E, no meio do caos, vemos aqui e ali escolas públicas que conseguem o milagre da multiplicação das migalhas e se tornam modelo e referência com notas impressionantes no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ou no Pisa (sigla em inglês para Programa de Avaliação Internacional de Estudantes).
Que morram em paz, escolas públicas! Pois só assim renascerá a alma de cidadãos altruístas e sensíveis. Que nesse ressuscitar voltem a ser belas e atraentes, tornando-se ponto de encontro de uma geração que busca transferir seus conhecimentos para outra geração, que, agradecida e respeitosa, possa aprender e se tornar melhor do que a anterior.
Sonho (por que não? ) com uma comunidade escolar desafiadora, sem quatro paredes, quadro negro, giz e pichação. Imagino uma árvore, um mestre e seus discípulos, algo crístico e natural, ou tomo como exemplo os tempos da Grécia, onde a curiosidade, a observação e a sabedoria nos ensinavam a viver. Sim, amei estudar, sou gratíssimo a todos os meus mestres, e é a eles que dedico esta coluna.
Eduardo Aquino
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