Outros integrantes de nossa Corte Suprema, como o ex-ministro Carlos Mário Velloso, seu ex-presidente, concordariam com ela e ainda proporiam a revogação do foro privilegiado, herdado do Império, absurdo sob todo aspecto. Mas a verdade é que o Supremo Tribunal Federal, uma vez mais, agora com mais força, será sacrificado.
A operação Lava Jato é, por ora, um prenúncio de que boa parte do país persegue o verdadeiro “império da lei”. Uma miragem, mas, quem sabe, uma esperança. As testemunhas desse processo são as prisões de empresários e políticos (em menor conta) pesos pesados. Talvez seja, por outro lado, um prenúncio de que o Estado, protetor dos poderosos, tenha, afinal, sofrido forte abalo, na direção (outra miragem?) de sua função, que é a de dar atenção aos desvalidos.
Se a dinheirama que escorreu pelo ralo não só da corrupção, mas por meio dos mais diversos meios (“manda quem pode, obedece quem tem juízo”), tivesse sido investida na educação e na saúde, o país seria outro. Com absoluta certeza. E é isso o que mais dói.
Sei que é difícil acreditar, exatamente no momento em que a maior democracia do mundo (que sempre teve e ainda tem muito a desejar) corre sérios riscos nas mãos de um doidivanas (desculpe-me, mas existe outra denominação?), que, daqui para a frente, isto é, depois da Lava Jato, tudo será diferente, pois estará consolidado, enfim, em bases reais e sólidas, não o “governo dos homens”, mas o “governo das leis”.
A sensação que a Lava Jato tem despertado entre os brasileiros é a de que, felizmente, o país quer mudar e está mudando. A ética e o respeito à lei, que precisa exprimir o consentimento da maioria (e não das oligarquias), são os dois pilares fundamentais de seu futuro.
Ultrapassada a fase da homologação pela ministra, que, por sua vez, deu início às investigações pelo Ministério Público e pela Polícia Federal, será divulgado o nome do novo relator da Lava Jato, outra missão difícil para Cármen Lúcia. Depois dessa definição, por sua livre escolha, e depois de se exercitar no bom senso e na prudência, o presidente Temer, conforme já informou, indicará o substituto do ministro Teori Zavascki, cuja nomeação só se dará após aprovação do nome pelo Senado.
O povo brasileiro estará atento não só à indicação do presidente, mas, principalmente, à verdadeira sabatina a que se deve submeter o indicado. Qualquer coisa que fuja disso desmoralizará, ainda mais, as instituições da Presidência da República e do Senado Federal.
E isso não será bom para ninguém. Bom mesmo será se a operação Lava Jato for o marco deste novo país a ser construído por gente que ainda acredita na Justiça. É nisso que devemos acreditar.
Até porque, leitor, nada nos custa.
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