Agora, premido pela Lava Jato e visivelmente temeroso do pronunciamento da Justiça, Lula comporta-se como se pudesse fazer o Brasil se esquecer disso tudo e levar o PT de novo a “ganhar as eleições nesse país”. Pior: quer fazer os brasileiros acreditarem que para resolver os problemas que hoje enfrentam basta que ele próprio reassuma o governo para fazer exatamente tudo igual ao que fez antes, como se o Brasil de hoje fosse o mesmo de 13 anos atrás, antes de ser iludido e depois destruído pelo PT.
A estratégica política de Lula – a respeito da qual o PT não assumiu ainda uma posição oficial porque continua lambendo as feridas do impeachment e do desastre das urnas de outubro – está claramente colocada em termos simples, com forte apelo emocional. Resume-se a dois slogans: “Fora Temer” e “Diretas já”. Mas como realizar diretas já se, na improbabilidade de Temer perder o mandato, a Constituição determina que a substituição seja feita por eleição indireta pelo Congresso Nacional?
É aí que Lula “inova”. Lançou em Salvador a ideia de eleições diretas para a Presidência da República em outubro próximo, daqui a 10 meses. Não se deu ao trabalho de explicar como seria possível viabilizar essa proposta absolutamente sem pé nem cabeça. Mas esse detalhe não preocupa Lula, desde que os “movimentos sociais” sob sua influência disponham de palavra de ordem para gritar nas ruas e nos palanques.
Essa seria a perspectiva político-eleitoral de Lula, não fosse ele quem é. Ocorre que o chefão do PT, apesar de ser o “homem mais honesto do Brasil”, é um “perseguido” da Justiça, envolvido em cinco investigações sobre corrupção, três delas no âmbito da Lava Jato. Condenado, tornar-se-á “ficha suja”, inelegível para qualquer cargo público. Essa possibilidade é cada dia mais plausível, a julgar pelo andar da carruagem, isto é, pelas delações dos antigos amigos do peito do ex-presidente.
Lula é um político pragmático. Na verdade, não se ilude com a “campanha eleitoral” que lançou em Salvador na garupa do MST. O objetivo principal de toda essa encenação é reforçar a imagem de um “herói popular” que almeja trocar eventual condenação à prisão em Curitiba pela condição de “mártir” politicamente asilado em algum aconchegante recanto bolivariano.
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