Na segunda semana de dezembro, esse vídeo foi colocado na internet pela polícia, e desde então, visto milhões de vezes nas redes sociais, desencadeando reações. Por parte da maioria, repulsa e indignação, mas também outra coisa: em blogs de língua inglesa, fóruns de debate alemães, na imprensa-marrom croata ou búlgara, presume-se e afirma-se que o agressor é, com toda certeza, um refugiado, um migrante, um muçulmano. E a conclusão final é: "É nisso que dá a cultura de boas-vindas de Angela Merkel!"
Nesse ínterim, o agressor e seus três acompanhantes foram identificados pela polícia: são búlgaros, aparentados entre si. Os quatro desapareceram, e supõe-se que estejam agora foragidos em seu país de origem.
Uma vez que se trata de cidadãos da União Europeia, que gozam de livre-circulação, caem no vazio todas as reivindicações de deportação e expulsão. E, de qualquer modo, esse tipo de consideração não deveria ter a menor relevância. Pois, independente de o agressor ser alemão, búlgaro, islandês ou até refugiado, sua injustificada e abominável brutalidade continua sendo um crime a ser punido com todo o rigor da lei. Porém o caso também convida a duas reflexões.
Primeiro, sobre a avalanche de notícias falsas e meias-verdades com que somos confrontados na internet, cada vez mais. Notícias falsas e meias-verdades que, no mais das vezes, estão envenenadas com mensagens de propaganda e, reproduzidas aos milhões, servem para exacerbar os medos e preconceitos dos cidadãos. "Violência na Alemanha? Foi um refugiado, está na cara!", é uma das mensagens tóxicas mais populares dos últimos tempos.
Segundo, antes de apontar o dedo acusador para um grupo concreto como potencial agressor e vilão, é melhor refletirmos sobre esse nosso "nós", tão cômodo e fonte de orgulho. Pois em toda nação, como em qualquer grande grupo, há sempre agressores e criminosos brutais, cujos atos nos fazem enrubescer de vergonha. O atual caso em Berlim deveria, antes de tudo, fazer os búlgaros pensarem e se moderarem, em vez de continuar explorando-o, em sua histeria de massa contra refugiados e muçulmanos.
No momento estão sendo procurados os autores de ocorrências semelhantes do fim de semana, em Munique e Stuttgart. E sabe-se lá quem será identificado como agressor! Continua valendo: violência não tem nem pátria, nem religião. A "pátria" de atos brutais assim é, simplesmente, o ser humano, independente de origem. E sua "religião" é o ódio – contra seja lá o que for.
Alexander Andreev, chefe da redação búlgara da Deutschweller
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