segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Do sucesso e da ausência de desastre

Sucesso é, claro, subjetivo. É individual. Dada um adota a definição que lhe parece melhor. Pessoas, grupos, famílias, países, definem sucesso da maneira que bem entendam. Afinal, definir sucesso depende de muita coisa. De quem avalia.
Do ponto de vista. Do interesse. E até mesmo da realidade.

Em tese, o sucesso requer ter êxito em alguma coisa. Ou obter resultado feliz em algo. Ou mesmo conseguir chegar ao fim de uma empreitada. Portanto, comemorar sucesso deveria partir da compreensão do que se pretendia quando iniciou a empreitada. E comparar intenções e fatos.

Diferentes pessoas e povos lidam com os resultados das diferenças entre intenção e fato de maneira diversa. Alguns exigem superação de suas metas. Perseguem-nas obstinadamente, sem trégua e, ao fim da empreitada, comemoram (ou não) seu atingimento. Sucesso, para estes povos, é fazer melhor do que o planejado.

Agir assim tente a ser produtivo. Impulsiona a evolução. Recompensa o mérito. E, no longo prazo, deixa legados e contribuições que vão se acumulando, geração após geração, criando realidades e sociedades que se beneficiam dos resultados conquistados em todos estes sucessos.

Por outro lado, agir assim é também convidar a frustração a fazer parte constante da vida. Nem tudo são flores. E adotar este comportamento requer lidar também com os fracassos, as limitações, imperfeições, as derrotas. Com sabedoria, serenidade, e espirito critico. Aprender, enfim, com os tropeços. Talvez por mais fácil, outros povos adotam outras estratégias.

Existem aqueles que reescrevem o passado. Esquecem as metas originais. Os delírios de grandezas. As promessas. As intenções. Os objetivos originais. O canto da sereia dos legados. Enfim, exercitam o autoengano na busca do balsamo que alivia a dor dos fracassos.

Assim, baixando a exigência ao nível da incapacidade em atingir os objetivos da empreitada, fica mais fácil declarar sucesso. Superação, planejamento, dedicação, trabalho, esforço, ficam menos importantes.

Desaparecem as razões para a exigência de superações e esforços. Basta o jeitinho, a gambiarra, a improvisação. E, claro, um pouquinho de autocomiseração não atrapalha. Ao contrário, justifica tudo. É esperar pouco e viver agradavelmente surpreso. E, sempre, comemorar o sucesso, sempre atingido através do rebaixamento das metas até o ponto em que elas encontrem a linha da incompetência.

Ninguém deseja sofrimento. Muito menos passar vergonha (própria ou alheia). Mas ausência de desastre é não é sucesso. E muito menos razão para comemoração. Apenas alivio que o pior não veio. Apesar de tudo.

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