quarta-feira, 6 de julho de 2016

Cidade do México distribui 15 mil apitos antiassédio

Tania Gutiérrez, de 23 anos, segura sua filha de dois meses com o braço esquerdo e, com a mão livre, mostra contente o seu apito. A prefeitura da Cidade do México começou a distribuir nesta segunda-feira de 15.000 apitos antiassédio. A medida, parte de um programa governamental para erradicar a violência sexual que atinge milhares de mulheres no transporte público da capital, foi duramente criticada por organizações feministas, e as redes sociais a transformaram na piada nacional.

cronica literaria literatura joinville escritor joinvilense escritora poesia prosa
“Vim pegar o apito porque aceito qualquer coisa que me faça me sentir segura. Tenho muito medo quando ando sozinha com a minha menina”, diz Gutiérrez. Ela veio com seu marido, Martín, coordenador de segurança da estação Guerrero do metrô, porque dias atrás ele escutou o silvo de uma mulher, e seus colegas de trabalho comentaram que seria uma boa ideia para suas esposas. Perla Sandoval, de 34 anos, não vem por ela, mas por seus filhos: “Me disseram que, se tirarem o meu menino de mim, eu poderia soprar o apito e pedir ajuda às pessoas”. A maioria das mulheres que compareceram na segunda-feira para solicitar o apito provém de bairros inseguros, escuros à noite, despovoados e humildes. Elas, que cruzam a cidade diariamente sozinhas ou carregando seus bebês, dizem se sentir um pouco mais protegidas por esse artefato, apesar de não terem certeza da sua eficácia.

A medida foi divulgada pela prefeitura poucos dias depois da primeira grande manifestação local contra a violência de gênero, em 24 de abril. Embora seja parte de um conjunto de medidas de conscientização sobre o problema, o prefeito a escolheu como a primeira ação, a que encabeçaria a estratégia, e logo começaram a chover críticas. “Por que preciso pendurar em mim um sinal para que não me estuprem? Quem decidir não usá-lo então está dando sinal verde para que abusem dela?”, perguntavam-se algumas mulheres.

O Instituto das Mulheres, um organismo ligado ao Governo da capital que presta assessoria ao programa, diz que se trata de uma medida dissuasiva, que não busca solucionar a raiz do problema. "Se um assediador vê um apito, pensará duas vezes", especula, por telefone, Teresa Incháustegui, diretora da entidade. A diferença principal entre apitar e gritar é que “o apito alcança 700 metros”, diz, convicta. Diante das críticas, Incháustegui defende a medida: “Não estamos confiando a segurança das mulheres a um apito. Estamos aumentando a vigilância das câmeras de segurança, colocando botões de alarme nos ônibus para os motoristas, e já ampliamos o número de vagões para mulheres no Metrô, entre outras medidas”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário