A delação de Odebrecht, ainda não homologada pelo STF, teve parte de seu conteúdo vazado pela revista IstoÉ. De acordo com as informações, a “colaboração” de R$ 12 milhões foi solicitada ao então presidente da empreiteira pelo então tesoureiro da campanha presidencial petista, Edinho Silva. Disposto a não atender ao pedido, Marcelo Odebrecht foi diretamente a Dilma Rousseff, de quem teria recebido a ordem: “É para pagar”.
Até o momento, a Operação Lava Jato e congêneres, que devassam a administração pública federal e revelam o mar de lama em que 13 anos de governo lulopetista afundaram o País, não encontraram provas de que Dilma Rousseff se tenha beneficiado, financeira ou patrimonialmente, de quaisquer ilicitudes. É verdade que à sua sombra vicejaram maracutaias de todo tipo, como as de que foi acusada seu braço direito, Erenice Guerra, que por esse motivo teve de se afastar da chefia da Casa Civil, que assumira em substituição à chefe. Mas, assim como aconteceu com Lula, com o aprofundamento das investigações, os ares ao redor de Dilma começam a ficar pesados e sulfurosos.
Por conta disso, Dilma ainda pode se agarrar à reputação de “mulher honesta”, contrapondo-se à imagem de corrupto que estigmatiza, por exemplo, aquele que ela considera o principal responsável pelo processo de impeachment, o deputado afastado Eduardo Cunha.
Ocorre que honestidade não é virtude, mas obrigação elementar de comportamento, especialmente para quem tem a responsabilidade de administrar a coisa pública. Além disso, ser honesto, probo, não significa apenas não roubar, meter a mão no alheio, enriquecer dilapidando o bem comum. Ser honesto na vida pública é administrar com parcimônia os recursos do Tesouro em atenção à óbvia necessidade de manter as contas do governo equilibradas para impedir que o descontrole resulte na falta de recursos para investir no que é necessário, inclusive nos programas sociais. É manter a inflação sob controle, evitar a recessão das atividades produtivas e, consequentemente, o desemprego em massa. Ser honesto é não mentir em campanha eleitoral sobre dificuldades econômicas do País, não prometer o que sabe que não poderá cumprir e muito menos não acusar os adversários de pretender tirar a comida da mesa dos pobres.
Dilma fez tudo isso na campanha eleitoral de 2014. Portanto, não é honesta. Ela é populista e o populismo é essencialmente desonesto e autoritário, porque não distingue o público do privado. O que começa a ser revelado pelas delações premiadas, no entanto, situa-se noutro plano político e moral. Prenuncia a revelação de comportamentos pessoais – por ação e ou por tolerância – que a moral e os bons costumes repudiam.
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