quinta-feira, 5 de maio de 2016

PT, uma antipatia nacional

As notícias desconcertantes que Dilma, Lula e o PT ouvem todo dia recebeu do povo, em sua maioria, ruidosa condenação, somada a uma antipatia que o PT acumulou em seus longos anos de agitação.

Os fundadores e os ideólogos do Partido dos Trabalhadores devem preocupar-se com este fenômeno de repulsa da maioria dos eleitores pela sigla e pelas vozes sempre altas, um tanto intimidativas, de sua militância.

Quem leu sobre aquele período triste da história da França revolucionária, quando o sangue de nobres e de suspeitos corria indistintamente pelas pedras daquela hoje eloquente cidade de Paris, associa seus capítulos de panfletagem e execuções sumárias às lideranças surgidas da precipitação, da solércia e da valentia circunstancial. Dentre os manifestantes virulentos estavam os jacobinos (os petralhas, na versão atual), designação atribuída aos pregoeiros do caos e dos enfrentamentos, os que apostavam no terror da revolução (José Dirceu foi aluno da guerrilha, em Cuba, em sua juventude). Todos se lembram de que o PT, entre outras façanhas, se colocou contrário ao plano real, o mesmo PT que, no poder, transmudou-se completamente, adotando práticas político-econômicas antes apedrejadas.

As bandeiras que hoje empunhamos de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, tanto quanto a Declaração dos Direitos do Homem, que os revolucionários tiveram oportunidade de desfraldar, não decorreram aqueles princípios e aquele documento de ações de bravura pessoal dos panfletários da desordem. Não. São, aliás, muito antecedentes, a primeira atribuída a Étienne de la Boétie em conjunto com Montaigne (meados do séc. XVI). Já a Declaração de Direitos é obra soprada pelo iluminismo francês, período áureo que deu ao mundo, por sábios e intelectuais, enunciados que hoje nos governam.

Comentários infelizes já insinuaram que o Partido dos Trabalhadores possui folha de serviços comparável aos prestados pela Revolução Francesa. Ridícula a afirmativa. A primeira antipatia granjeada pelo PT é o fato de que sua fundação adotou linha programática socialista ultrapassada, e, como Partido dos Trabalhadores, é definição excludente. Só se filiam a ele os trabalhadores ? E as donas de casa ? E os intelectuais ? E os assistentes administrativos ? E os jovens ? E os militares ? E os aposentados ? O fato é que o PT, em resposta agressiva ao movimento de 64, quis enfrentá-lo com uma ideia que aproximasse o povo dos operários (principalmente os de São Paulo) e de suas desordens para uma conjugação de interesses e votos, de adesão enfim, a propósitos pouco transparentes, que serviriam à expansão da liderança do sindicalista Lula. 

Outra fosse a inspiração dos fundadores do partido, de amor à causa operária, teriam prosseguido na doutrina construída pelo trabalhismo, aquele sim, Getúlio, o verdadeiro timoneiro da bandeira trabalhista, o único sinceramente empenhado e solidário com o escravagismo do operariado, e que verdadeiramente encarnava o ideário trabalhista. Porque não seguiram os petistas o catecismo legado por Getúlio, onde reuniriam forças para conjugar o capital e o trabalho ? É porque já havia lugares ocupados no trabalhismo.

Como indutora da antipatia ao PT, coroa a insolência da corrupção que alcança grande número de membros do governo e da família de Lula. Com o episódio do mensalão, de triste memória, que indignou os brasileiros, junto com a negativa de que nada sabia, o ex-presidente enterrou as chances que pudessem reerguer a ética no PT.

A opinião pública não esqueceu esta afronta, e o judiciário agora a investiga e a investigará até as raízes.

José Maria Couto Moreira 

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