segunda-feira, 11 de abril de 2016

Sem fregueses, 'balcão de negócios' de Lula entra em crise

A lei da oferta e procura mostra que não deu certo o “balcão de negócios” que o ex-presidente Lula montou o Hotel Royal Tulip, em Brasília, para negociar acordos com deputados, oferecendo cargos de grande importância e até mesmo ministérios. As ofertas eram tentadoras e Lula ia direto ao ponto, indagando as “reivindicações” de cada um deles, sem tocar no assunto impeachment, porque passou a se cercar dos maiores cuidados desde que uma conversa sua com a presidente Dilma foi grampeada pela Polícia Federal.

Mas o mercado está em baixa, a crise é implacável e poucos negócios foram fechados por Lula na reta de chegada da votação na Comissão Especial do Impeachment, que vai agitar esta segunda-feira.

Não haverá maiores surpresas. Já se sabe que a Comissão vai aprovar o impeachment. A única dúvida é sobre a diferença de votos, que pode ter importância fundamental.

São 65 votantes. Os últimos levantamentos mostram que 34 deles já demonstraram posição firme a favor do afastamento da presidente Dilma. Somente 20 deputados se manifestaram publicamente a favor dela. Os outros 11, que continuam indecisos, foram procurados diretamente por Lula ou por parlamentares do PT, mas não aceitaram fazer negócio.


A votação de hoje é considerada decisiva, porque influirá no posicionamento do plenário da Câmara, ainda nesta semana. Se alguns dos indecisos da Comissão resolverem votar a favor do impeachment, abrindo uma diferença grande, o resultado reforçará o viés de alta que vem se registrando no plenário.

Os levantamentos do Comitê Pró-Impeachment, feitos nas bancadas de cada Estado, mostram que hoje já existem 348 deputados a favor do afastamento de Dilma Rousseff, com seis votos de frente.

Estes números são consentâneos com as pesquisas feitas pelo Estadão. Levando-se em contra apenas os 403 deputados que já anunciaram publicamente seus votos, a amostragem do jornal sobre o plenário da Câmara é de 76% a favor e 24% contra.

Em termos estatísticos, o que define situações como essa são os viés de alta e baixa, ou seja, os “algoritmos”, que indicam a tendência dos números, conforme se diz no moderno linguajar da informática.

Para aprovar o impeachment, é necessário que haja cerca de 67% de aprovação – exatos 342 votos. Para rejeitar, são necessários 34% – ou seja, 172 votos. Se Dilma tiver apenas 171, uma espécie de número cabalístico, e não houver faltantes, a vaca do governo irá mesmo para o brejo.

Segundo o Estadão, no plenário já existem 288 votos a favor, 115 contra e 110 indecisos. E o viés é de alta para o impeachment.

Com o resultado de hoje na Comissão, que será favorável, pois a própria bancada do governo já admite a derrota, o plenário manterá o viés de alta favorável ao afastamento.

Para aprovar o parecer do relator no plenário, é preciso haver apenas mais 54 votos a favor. Para manter Dilma no governo, são necessários mais 56 votos contra. Portanto, se os indecisos forem cortados ao meio, Dilma perde por 343 a 170. Mas isso é um sonho/pesadelo shakespeariano de uma noite de outono, porque o viés é de alta para o impeachment, a diferença será muito maior.

Em tradução simultânea de tudo isso: Dilma Vana Rousseff pode ir arrumando as malas, e sem levar nenhum “presente” que pertença à União, porque desta vez o Ministério Público Federal estará atento à mudança.

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