segunda-feira, 11 de abril de 2016

A bagunça tomou conta

Está custando caro ao Brasil essa batalha sem tréguas mantida em todas as frentes possíveis para se obter a saída da presidente Dilma da Presidência da República. Protestos nas ruas, nas redes sociais, no Legislativo, medidas do Judiciário, quase tudo, enfim, se reuniu para encerrar pela via do impeachment da presidente um ciclo de poder que duraria 16 anos se nas próximas semanas, Dilma não for arrancada de sua cadeira.

Certeza não se tem de nada. Embora derrotada, espera-se, na comissão de deputados criada especialmente para sua deposição, esse primeiro ato pouco define. Faltam ainda a semana que preparará a decisão pelo plenário da Câmara dos Deputados e o ato final no Senado Federal, em sessão a ser dirigida pelo ministro presidente do STF, Ricardo Lewandowski.

Temer trico croche faixa de dilma cunha puxa fio de temer

O rito está perfeito. Ninguém poderá dizer que foram frustrados os atos de acusação e defesa da presidente, muito embora o relatório apresentado insista no que se chamou de pedaladas fiscais como o grande crime pelo que se condenará o governo em questão. Colocou-se no mesmo tabuleiro a discussão das denúncias da operação Lava Jato, da crise econômica que se avoluma, geradora de inflação, desemprego, falta de crédito, para trazer para o debate uma população que engrossou o julgamento pelo Legislativo do impeachment. Mas para onde iremos? Onde está a solução dos problemas brasileiros, já que o da corrupção, talvez o mais intolerável deles, esteja sendo conduzido nos espaços próprios do Judiciário?

Deposta a presidente, assumirá sua cadeira o vice, Michel Temer, também réu nos mesmos processos que fragilizam Dilma (ele também pedalou enquanto presidente interino) e que aguarda, pelas conversas dos corredores, que o juiz Sérgio Moro o chame às falas para explicações sobre propinas. Seu rabo, diz a mídia, também está naquelas gavetas.

Nessa sequência, impedido Michel Temer, caminharemos para que assuma a Presidência da República o deputado Eduardo Cunha, e depois, o senador Renan Calheiros, até chegarmos ao presidente do STF, hoje o ministro Ricardo Lewandowski. É a ordem de sucessão que a Constituição estabelece. Mas, e daí?

Sem reformas, está com quem a solução dos problemas brasileiros que têm levado à sociedade as consequências de uma política econômica errante, que penaliza parcelas significativas da sociedade, especialmente trabalhadores, pequenos empresários, os dependentes da Previdência Social e dos demais serviços públicos? Com a oposição? Qual oposição? “Com que roupa”, perguntaria Noel Rosa. Não foi essa oposição que primeiro gritou contra as reformas fiscais, porque elas não lhes interessavam eleitoralmente? Quem são os nomes aos quais os brasileiros se disporiam a entregar, sem ressalvas, com passado irretocável, com currículo e histórico de competência (e não prontuário policial) a Presidência da República, nos moldes que as ruas e a mídia vêm cunhando como ideal e possível? O jogo está aberto. Façam, senhoras e senhores, suas apostas.

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