terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

O novo-rico ridículo com luxos de pequeno burguês arrogante

Atenção! Você, brasileiro médio, fica sem jeito por não entender o que é uma offshore? Encontra-se meio perdido quando a conversa trata de lobista, lobby e tal? A única coisa em que consegue pensar, no cotidiano de denúncias da roubalheira lulopetista, é que foi sempre assim? Disfarça que não compreende os nomes das fases da Lava Jato nem ela se chamar “a jato” durando quase dois anos? Tem patrimônio obtido com trabalho honesto e está em seu nome? Ora, seus problemas acabaram! Sim, agora, há um apartamento no rolo que o ajudará a entender que o jeca humilde é somente o álibi fajuto para que o jeca milionário leve uma vida de jeca milionário.

Mas, espere, não é só isso. Você também leva no lombo um sítio reformado e mantido pelos pagadores de propina! A humildade simulada foi útil e eficaz até ontem não só pelo fato de a grana vir de colossal roubalheira inédita, mas sobretudo porque nutria o mito de santidade protetor de um pecador miserável. Não é simples quem tem um tríplex, nem humilde quem se vale de um poder institucional para se favorecer pessoalmente porque isso é trapacear todos os brasileiros e se chama patrimonialismo; mais uma das doenças que sempre nos infelicitaram e que a súcia comandada pelo jeca agravou ou não triunfaria.


OK, o apartamento se chama tríplex, coisa não muito corriqueira para um brasileiro médio, mas continua sendo um apartamento com quarto, cozinha, sala e até um elevador privativo. Chique no último! Só que não: crime não é chique e é crime ocultar patrimônio, acusação que o Ministério Público faz ao jeca vitalizada pelas negativas vexaminosas de advogados e demais devotos. O fato de a OAS ter pagado tudo impõe a certeza: o tríplex de frente para aquele marzão besta tem vista para o petrolão.

Quem se escoraria numa figura dessas? Dilma Rousseff, o PT e a súcia inteira que buscou um projeto asqueroso pelo que foi bem paga. Também não é chique a arrogância da família em travar o elevador quando acompanhava as obras e a decoração, revoltando os outros moradores. Como presidente, a conduta seria outra demonstração da jequice no poder; sem ser presidente, ela demonstrou o poder da jequice. E aqui, a clareza solar do texto de J.R.Guzzo ilumina outro aspecto do retrocesso lá constatado: a crença mofada de uns poucos estarem acima de leis e regras a que nos submetemos na celebração do princípio que a todos iguala perante elas, e sem o qual a convivência civilizada se inviabiliza, também formata as relações cotidianas.

Esse mofo iguala gente autoritária de origem social diversa, convicta de que privilégios materiais ensejam os imateriais e que gentileza e respeito são obrigações de mão única; assim, considerar o direito alheio a destituiria da nobreza imaginária que, nobreza fosse, saberia mais conceder do que exigir. Para tristeza do jeca e dos devotos – nem elite, nem povo, mas apenas a escória – a Lava Jato desenha, para o tipo de brasileiro que Lula finge ser, o novo-rico ridículo com luxos de pequeno-burguês arrogante bancados pelo país que o farsante arruinou.

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