Mas, espere, não é só isso. Você também leva no lombo um sítio reformado e mantido pelos pagadores de propina! A humildade simulada foi útil e eficaz até ontem não só pelo fato de a grana vir de colossal roubalheira inédita, mas sobretudo porque nutria o mito de santidade protetor de um pecador miserável. Não é simples quem tem um tríplex, nem humilde quem se vale de um poder institucional para se favorecer pessoalmente porque isso é trapacear todos os brasileiros e se chama patrimonialismo; mais uma das doenças que sempre nos infelicitaram e que a súcia comandada pelo jeca agravou ou não triunfaria.
Quem se escoraria numa figura dessas? Dilma Rousseff, o PT e a súcia inteira que buscou um projeto asqueroso pelo que foi bem paga. Também não é chique a arrogância da família em travar o elevador quando acompanhava as obras e a decoração, revoltando os outros moradores. Como presidente, a conduta seria outra demonstração da jequice no poder; sem ser presidente, ela demonstrou o poder da jequice. E aqui, a clareza solar do texto de J.R.Guzzo ilumina outro aspecto do retrocesso lá constatado: a crença mofada de uns poucos estarem acima de leis e regras a que nos submetemos na celebração do princípio que a todos iguala perante elas, e sem o qual a convivência civilizada se inviabiliza, também formata as relações cotidianas.
Esse mofo iguala gente autoritária de origem social diversa, convicta de que privilégios materiais ensejam os imateriais e que gentileza e respeito são obrigações de mão única; assim, considerar o direito alheio a destituiria da nobreza imaginária que, nobreza fosse, saberia mais conceder do que exigir. Para tristeza do jeca e dos devotos – nem elite, nem povo, mas apenas a escória – a Lava Jato desenha, para o tipo de brasileiro que Lula finge ser, o novo-rico ridículo com luxos de pequeno-burguês arrogante bancados pelo país que o farsante arruinou.
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