Juscelino Kubtschek, construtor de Brasília, pintado pela mesma imprensa de hoje como a “7ª fortuna do mundo”, morreu e deixou a muito digna viúva dona Sarah com recursos mais que medianos, depois de certo tempo dona Sarah teve que vender quadros que estavam na parede do apartamento para se manter.
O hoje quase imortal Delfim Netto teve seus tempos de fama de corrupto, atacado por uma mídia ávida de escândalos em torno de um certo “relatório” onde se afirmava que ele cobrava 10% em obras. Hoje, o sábio ex-Ministro vive e sempre viveu uma modestíssima vida de classe média em São Paulo. Mandou nas finanças do Brasil como poucos e não enriqueceu, vilipendiado por décadas assim como Roberto Campos, outro que se foi desta vida legando um simples apartamento no Arpoador que já era dele há 40 anos e um Opala velho, mas sempre no visor das acusações da mídia inconsequente.
O Brasil e o Chile são os dois países de menor índice de corrupção na América Latina, não é frase de efeito.
Os 13 presidentes da República Velha, depois Getúlio, Dutra, Café Filho, Carlos Luz, Nereu Ramos, JK, Janio, Jango, Castelo, Costa e Silva, Médici, Geisel, Figueiredo saíram do poder como entraram, alguns adquiriram bens mas nada fantástico, enquanto os presidentes do PRI mexicano saíam do governo com US$1 a 2 bilhões cada um, em um acordo tácito de cúpulas onde se permitia tal feito e parte do pacto era sair do México depois que deixassem a Presidência.
Na Argentina, Perón saiu com US$ 200 milhões, em moeda de hoje seriam bem mais que US$1 bilhão, no Paraguai Stroessner saiu multimilionário, Odria no Peru, Marcos Perez Gimenez na Venezuela, Somoza, Trujillo e os cubanos Gerardo Machado e Fulgencio Baptista, os dois Duvalier, por toda a América Latina o enriquecimento dos poderosos é a regra, no Brasil a tradição é bem mais modesta e muitos, incontáveis ministros poderosos, saíram como entraram.
Os filhos engenheiros do presidente Médici vivem de seu trabalho em empregos mais que médios, fui amigo de um digno militar, chefe do Estado Maior do Exército, vida simples em casa simples, é uma tradição do militar brasileiro, sinto dizer que é bem diferente no resto da América Latina.
O Brasil deveria se orgulhar do conjunto de seus homens públicos, mas hoje, graças à escandalização, estamos sendo apresentados ao mundo em termos de corrupção africana com grave prejuízo à imagem do País.
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