O que lhe parece impertinente perseguição política é na verdade a exigência de uma sociedade aberta ante as dimensões vulcânicas da corrupção sistêmica. Suas evidências são como jatos de lavas lançados sobre uma classe política que há tempos nos deve forma decente de tratar a coisa pública.
A erupção da Lava-Jato deve causar em 2016 muito calor, suor e lágrimas entre uma elite política que transformou o que deveria ser “presidencialismo de coalizão”, movido por princípios comuns de políticas públicas, em “presidencialismo de cooptação”, movido por propinas para apropriação indébita de recursos públicos.
Tem sido um enorme desafio a marcha institucional de saída do regime militar rumo à construção de uma sociedade aberta. Em meio a avanços e retrocessos, seguimos nesta trajetória de transição ainda incompleta.
Tudo foi deixado pela metade. Com a expansão ininterrupta dos gastos públicos como porcentagem do PIB, seguimos há décadas com o mais longo e socialmente desastroso programa de combate à inflação da história universal.
Com a escalada da inflação, dos juros, dos impostos e da taxa de desemprego, constatamos também a precariedade dos esforços de inclusão social que desconsiderem o aumento da produtividade da população por sua integração nas engrenagens da economia de mercado.
Somos prisioneiros dos limites cognitivos de uma obsoleta plataforma social-democrata. Perdemos nossa dinâmica de crescimento. Essa armadilha de baixo crescimento é o resultado da falta de sintonia de nossas lideranças políticas com as exigências da nova ordem global a uma democracia emergente.
Buscando apoio no oportunismo político de mercenários e nos interesses econômicos de maus empresários, essas despreparadas lideranças de inclinações “socialistas” acabaram transformando o “capitalismo de estado” do regime militar em um “capitalismo de quadrilha”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário