Segundo consultores ouvidos por esse blog, a nova pauta é muito simples: bipolarizar (mais uma vez) a situação. De um lado, petistas do bem querendo consertar o país. Do outro, opositores do mal postulando manter o Brasil “num clima de insegurança”.
O primeiro: a medida provisória assinada por Dilma, em 18 de dezembro, aquela que alterou as regras para acordos de leniência. A medida provisória regula os acordos de leniência firmados pelos órgãos do governo federal com as empresas investigadas por ilícitos contra a administração pública. O texto inclui o Ministério Público nos acordos e dá às empresas o direito de continuar participando de contratos com a administração pública, caso cumpram as penalidades impostas.
Daí o seguinte argumento: todos aqueles contrários a isso quereriam o “caos brasilis”. Entre eles, por exemplo, o o procurador da Lava Jato, Carlos Fernando dos Santos Lima, um dos que alega que o Brasil está “caminhando para trás” no combate à corrupção ao adotar esses acordos de leniência.
O segundo ponto: ao Dilma ter zerado as pedaladas fiscais, com o o depósito de 57 bilhões que pacificou a questão, teria dado o maior gesto possível de que quer estar em paz com a lei.
Mas a agenda da bipolaridade quer mais: pretende puxar dados da macro-economia e, ao fim e ao cabo, despejar uma pá de cal na Lava Jato como a grande propulsora do caos.
Alguns dados de macroeconomia: o Banco Mundial prevê retração de 2,5% no país neste ano. A projeção anterior era de crescimento de 1,1%. Outro: a queda do setor automotivo brasileiro divulgada pela Anfavea: comparando com o mesmo mês de 2014, o setor teve em dezembro queda de 30% na produção, acumulando em 2015 baixa de 22,8%, a 2,43 milhões de unidades.
Aí vem a grande questão: dar proporções maiúsculas à Lava Jato. E assim praticamente criminalizar quem combate o crime.
Para tanto, estão sendo extraídos dados do estudo da consultoria GO Associados. Em resumo, esse estudo atribui à Lava Jato os seguintes números armagedônicos: perdas de R$ 142,6 bilhões (o equivalente a 2,5% do PIB), redução de 1,9 milhão de empregos diretos e indiretos, queda de R$ 22,4 bilhões em salários e diminuição de R$ 9,4 bilhões em arrecadação de impostos.
Essa é a nova batalha bipolar no ar: criminalizar quem combate o crime. Diz algo, não ?
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