Jacques Wagner, chefe da Casa Civil, avisa que a população não deve esperar grandes notícias, em matéria de reformas econômicas. “Não tem coelho na cartola”, ele comenta, acrescentando que não haverá pacotes. As mudanças serão paulatinas, passo a passo na recuperação da confiança do empresariado e na criação de empregos.
O diabo é que o Lula exige mais. Quer a presidente Dilma anunciando medidas de impacto para o governo sair da crise, sugerindo a adoção de propostas como as constantes nos documentos do PMDB e do PT, voltadas para a retomada do crescimento econômico.
Fica difícil conciliar as duas paralelas, que parecem fluir em sentido oposto. Nem no infinito se encontrarão. Entre elas transita a presidente Dilma, ignorando-se para onde vai. Se depender do ex-presidente, para medidas imediatas de recuperação do otimismo e de sólida maioria parlamentar, de forma a dissolver a sombra do impeachment. Conforme o ex-governador da Bahia, lentamente, sem criar falsas expectativas nem realizar milagres.
O singular nesse confronto é que tanto o Lula quanto Wagner posicionam-se no quadro sucessório. O primeiro ocupando a pole-position na raia do PT, mesmo desgastado e às voltas com a queda de popularidade e especulações sobre o envolvimento de familiares, amigos e correligionários sob investigação da Polícia Federal e do Ministério Público. O outro como alternativa para o caso de afastamento do chefe.
Vale repetir que nem tudo depende do trio Lula-Dilma-Wagner e penduricalhos. A sorte da política econômica repousa em mãos do empresariado e dos trabalhadores, por enquanto situados em campos opostos, cada grupo defendendo seus interesses e opondo-se aos do adversário.
Faz tempo que a divisão envolve o PT, os demais partidos, as centrais sindicais, a Fiesp e variadas corporações. A receita do Lula continua a mesma, ou seja, que Dilma deve viajar mais pelo país, dar mais entrevistas, retomar o protagonismo da agenda política, anunciar mudanças na estratégia econômica e recompor sua base de apoio no Congresso. Também precisa evitar divisões no PT. O problema é que essas sugestões vem sendo dadas há meses, mas com pouca aceitação. O tal Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, composto pela empresariado e por lideranças sindicais, criado no governo dele, não se reúne há um ano, quando deveria estar sendo cooptado como forma de sensibilizar a opinião pública.
Em suma, nada de novo debaixo do sol, apesar de a noite parecer próxima, período em que será mais difícil encontrar coelhos passeando ao luar.
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