A explicação do dr. Milton foi a mais simples possível, apresentada com humor: “perdi porque o Jango teve mais votos do que eu...”
Dizem a observação e a natureza das coisas que a maior parte dos denunciados terá mesmo metido a mão em dinheiros públicos, tráfico de influência e prestação de serviços vergonhosos. Cabe às estruturas de informação apurar a veracidade do que é referido sem a necessidade de provas, coisa que demanda tempo. Há algo de errado nessa equação, abrindo-se a hipótese da existência de delatores mentirosos ou dispostos a vingar-se de inimigos, desafetos ou antigos sócios. Nesse aspecto é que a lei precisaria mudar.
Primeiro retirando qualquer vantagem dos delatores enquanto não comprovadas as delações. Depois, dar à Justiça prazo fatal e curto para aceitar as denúncias, quando os denunciados deveriam ser afastados das funções que porventura ocupem e impedidos de ocupar outras, eleitorais ou não. Ou receber desculpas do poder público. Por fim, duplicar as penas daqueles flagrados mentindo ou inventando delações.
O que não dá para aceitar é essa enxurrada de acusações verdadeiras ou falsas que inundam o país. Inexiste a figura do cidadão mais ou menos criminoso. Se é, pau nele! Se não é, aplicar o mesmo instrumento no mentiroso. As instituições só perdem nesse emaranhado de denúncias e suposições, por enquanto capazes de beneficiar apenas os declaradamente bandidos.
Carlos Chagas
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