“Petralhas e coxinhas” seriam as novas denominações (por sinal, sem graça e alimentadas pelo ódio) de esquerda e direita. Na realidade, isso também não passa de um pano de fundo que – veja a história, leitor – tem servido aos dois lados, que buscam o poder para, em proveito próprio, nele se eternizar. E o povo, a sua eterna vítima, que se dane.
Por falar nisso, a maior novidade agora é o sucesso da reedição do livro (ou panfleto?) de Adolf Hitler “Mein Kampf”. Na Alemanha, ficou forçadamente fora de circuito desde 1945, há 70 anos.
Christian Hartmann, do respeitável Instituto de História Contemporânea de Munique, disse que não há nenhum interesse em transformar o livro em “produto de exportação”. A verdade, porém, é que ele já é considerado um “best-seller”, que, com toda a certeza, vai correr o mundo, a julgar pelos 4.000 volumes vendidos em poucas horas, recentemente. Dentro de alguns dias, outras tiragens serão oferecidas.
Pelo que já senti, em conversa com amigos, o livro, no Brasil, também fará o maior sucesso. As vendas, aqui, ajudarão a encher as burras dos que bolaram essa ideia macabra. Por isso, não pretendo ressuscitar nenhum defunto, ao reler um livro que andei folheando há muitos anos. Conheço suficientemente a história desse psicopata. Talvez me sinta mais seletivo, tanto em conversas como em leituras, mas, se pudesse, adquiriria os direitos sobre o livro (e as edições) e os enterraria sob os seus restos mortais, se é que um dia esse maluco existiu…
Depois de pensar sobre tudo isso, e ainda bastante preocupado com o destino do nosso país, há anos à deriva, sentei-me diante da televisão, em minha casa, para assistir a alguns dos filmes do faroeste norte-americano (coisa que, nestes tempos bicudos, mais faço hoje), que fizeram história no cinema e nos deixaram boas lembranças.
De carreirinha, vi seis deles, verdadeiras obras-primas do gênero, até que um dos meus netos me lembrou de que, no circuito comercial, já se exibia o último filme do diretor, produtor e roteirista Quentin Tarantino, “Os Oito Odiados”. Nunca gostei dos filmes de Tarantino, com exceção de dois ou três. Um dos últimos, “Django”, exagerado, está dentro dessas exceções. Mas o último, que acabei por assistir numa das nossas salas, haja paciência! Longo, chato e estúpido. Afinal, nem só de técnica e matança (de bom humor?), além da boa música ou do trabalho excepcional de Samuel Jackson, se faz um filme.
Saí do cinema ainda a tempo de ver alguns dos jornais televisivos, que têm sido a maior causa do meu reencontro com os filmes de faroeste. Um horror! Sinto na pele, pelas suas fisionomias um tanto esgotadas, que os nossos profissionais já não suportam mais a exaustão que vai tomando conta de todos. Tudo a que assistimos, diariamente, nos rádios e nas televisões, e, depois, lemos nos principais jornais do país (as redes sociais, por enquanto, não são nem um pouco confiáveis), poderia inspirar – talvez mais violento ainda – um novo filme de Tarantino.
Voltemos depressa aos velhos filmes do faroeste norte-americano. Eles nos fazem esquecer, por exemplo, da pesquisa do Worldwide Independent Network of Market Research (representado aqui pelo Ibope Inteligência), que avaliou a aprovação de dez líderes mundiais: “O nome com maior rejeição, entre os 1.985 brasileiros entrevistados, foi o da presidente Dilma, com 76% de reprovação, contra 21% a seu favor”.
Acílio Lara Resende
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